A continuidade da queda da confiança do comércio sinaliza que o setor deve recuar pelo quarto trimestre consecutivo
Reuters/Paulo WhitakerA confiança do comércio e do setor de serviços apresentou queda no mês de setembro, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (30) pela FGV (Fundação Getulio Vargas). O otimismo do comércio variou -4,1% neste mês em comparação com agosto. Essa foi a quinta queda consecutiva, e levou o índice a 82,6 pontos, o menor nível da série histórica iniciada em março de 2010.
Já a confiança dos serviços recuou 8,4% entre agosto e setembro, ao passar de 74,7 para 68,4 pontos, na série com ajuste sazonal. Esta foi a sétima ocasião em que o índice registra mínimo histórico em 2015.
O superintendente adjunto para ciclos econômicos da FGV/IBRE, Aloisio Campelo Jr., afirma que a continuidade da queda da confiança do comércio sinaliza que, no terceiro trimestre de 2015, o PIB do setor deve recuar em relação ao período imediatamente anterior pela quarta vez consecutiva, algo que não ocorria desde 2002-2003.
— E a julgar pelo pessimismo captado pela Sondagem, não há, no momento, sinais de mudança de tendência para o último trimestre do ano. O setor reclama de fraqueza da demanda, escassez de crédito, custos financeiros elevados e da confiança extremamente baixa do consumidor.
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Já o consultor da FGV/IBRE, Silvio Sales, destaca que, ao fim do terceiro trimestre, os indicadores confirmam o aprofundamento do pessimismo nas empresas de serviços.
— As avaliações negativas, tanto em relação às condições correntes quanto ao cenário para os próximos meses, atingem de modo cada vez mais disseminado as várias atividades. Além do enfraquecimento da demanda, há um aperto nas condições de crédito e, assim, uma perspectiva de novos ajustes no quadro de pessoal. Esses indicadores apontam para uma nova queda no PIB do setor neste trimestre.
A deterioração da confiança do setor de Serviços ao longo de 2015 tem sido expressiva. Somente entre dezembro de 2014 e setembro de 2015, o ICS perdeu 32,7 pontos, valor semelhante à perda ocorrida nos 41 meses entre o pico da confiança após a crise de 2008-2009 — ocorrido em julho de 2011 — e dezembro do ano passado, de 33,3 pontos.
Diante do pessimismo em relação à evolução dos negócios, as empresas continuam projetando corte de postos de trabalho: entre dezembro do ano passado e setembro último, a diferença em pontos percentuais (p.p.) entre a proporção de empresas prevendo aumento e diminuição do total de pessoal ocupado nos três meses seguintes (saldos de respostas) passou de 6,3 p.p. para -18,8 pontos percentuais.
O forte ajuste no mercado de trabalho vem sendo confirmado pelos números de emprego formal divulgados pelo Caged/Rais. Como mostra o gráfico a seguir, a tendência de redução do total de pessoal ocupado no Setor deve perdurar nos próximos meses.