BC prevê nova alta de 2 p.p. da Selic neste ano
Reprodução/Banco CentralO BC (Banco Central) divulgou na manhã desta terça-feira (22) a ata da última reunião do Copom (Conselho de Política Monetária), que resultou na terceira elevação consecutiva da taxa básica de juros da economia, a Selic, para 4,25% ao ano, maior patamar desde o início da pandemia do novo coronavírus.
Ao justificar a decisão de juros mais altos, o BC destaca a influência da atual crise hídrica sobre as tarifas de energia elétrica nos próximos meses. "Adota-se uma hipótese neutra para a bandeira tarifária de energia elétrica, que se mantém em “vermelha patamar 1” em dezembro de cada ano-calendário", diz o documento, que vê a elevação de preços com impactos da oferta e da demanda no curto prazo.
Com as influências, a autoridade monetária diz esperar por uma inflação oficial de 5,8% neste ano, percentual acima do teto da meta, fixado em 5,25% pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para o período de 12 meses. "O compromisso inequívoco do Banco Central é com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e os passos futuros da política monetária são livremente ajustados com esse objetivo", aponta a ata.
Quando se trata apenas dos preços administrados por contrato ou por órgão público, tais como a própria energia elétrica, gasolina e tarifas de transporte público, a expctativa do BC é de uma inflação ainda maior, de 9,7% para 2021 e 5,1% para 2022.
A movimentação deve resultar em uma taxa básica de juros no patamar de 6,25% ao ano ao final de 2021, valor 2 pontos percentuais superior ao atual. A previsão leva em conta que a taxa básica de juros funciona como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, já que os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição das famílias a consumir e estimulam novas alternativas de investimento.
"O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante", diz a ata sobre a decisão, que classifica como necessária para a normalização da taxa de juros em um patamar considerado neutro. "Esse ajuste é necessário para mitigar a disseminação dos atuais choques temporários sobre a inflação", completam os diretores da autoridade monetária.
Para a próxima reunião, a previsão definida pelo BC é de uma nova alta de 0,75 ponto percentual na Selic, para 5% ao ano. A decisão, no entanto, ainda dependerá da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e de como esses fatores afetam as projeções de inflação.