A crise hídrica provocada pelo baixo volume de chuvas no país continua preocupante e o Operador Nacional do Sistema (ONS) emitiu um comunicado aos geradores de energia pedindo para que paradas técnicas e de manutenção sejam adiadas e evitadas durante o período seco mas, segundo o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, a situação segue sob controle e sem risco de racionamento.
Esse comunicado foi emitido nos últimos dias aos mais diversos tipos de geradores de energia do país que estão na linha de atuação do ONS. Segundo o pedido feito pelo ONS, as paradas técnicas devem ser adiadas o máximo possível, pelo menos até o início do período chuvoso que começa no próximo mês de novembro.
"Enviamos para todas as usinas esse comunicado visando o final do período seco", disse Ciocchi à Reuters.
O diretor-geral do ONS disse que esse tipo de alerta feito aos geradores é comum em tempos de pouca chuva. "É bastante comum essa solicitação e negociação (com os geradores de energia). Isso é algo previsto", disse.
Ciocchi garantiu que o comunicado não é um prenúncio de um racionamento.
"A situação hídrica continua preocupante, mas sob controle e de acordo com as medidas preventivas já adotadas", afirmou.
Os reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsáveis por 70% da geração hídrica do País, estão perdendo volume de água dia a dia, devido à falta de chuvas. Na sexta-feira (16), esses reservatórios estavam apenas 27,7% cheios, contra 50,91% no mesmo dia do ano passado.
Esse patamar é inferior à época do apagão de 2001. A diferença agora é que o país está mais interligado por linhas de transmissão, tem um parque térmico mais robusto e uma matriz mais diversificada com geração eólica e solar.
Os reservatórios do Sul também estão em franca queda, já tendo perdido 4,8% da água armazenada no acumulado em julho, e registram nível de 37,9%, frente aos 59,95% em 16 de julho de 2020.
Dentre as medidas já adotadas pelo governo para superar a escassez histórica de chuvas e o risco de um apagão estão o aumento da geração térmica, flexibilização das restrições hidráulicas nas bacias dos rios importantes, importação de energia da Argentina e do Uruguai e a criação de um grupo para orientar a adoção de medidas mais para rápidas para enfrentar a escassez de chuvas.
O governo deve lançar também em breve algum tipo de incentivo para as indústrias deslocarem suas produções de horário, reduzindo a pressão da demanda por energia no horário de ponta do consumo. De acordo com Ciocchi, a expectativa é de que haja adesão ao programa.
O ONS descarta apagões ou racionamento este ano, mas especialistas alertam que se as chuvas no período chuvoso (novembro a abril) ficarem abaixo da média histórica, como neste ano, o Brasil pode ter problemas de abastecimento em 2022, principalmente se a vacinação contra o covid-19 avançar e impulsionar a retomada da economia.