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Dólar fecha em R$ 2,45, maior valor em quase 5 anos

Moeda norte-americana avançou mais de 2% sobre o real nesta quarta-feira (21)

Economia|

Dólar atingiu maior patamar desde 2008 nesta quarta-feira (21)
Dólar atingiu maior patamar desde 2008 nesta quarta-feira (21) Dólar atingiu maior patamar desde 2008 nesta quarta-feira (21)

O dólar avançou 2,39% e fechou cotado a R$ 2,4512 na venda nesta quarta-feira (21). É o maior nível de fechamento desde o dia 9 de dezembro de 2008, quando ficou em R$ 2,473 na venda, auge da crise internacional.

A valorização da moeda norte-americana ocorre diante de forte movimento especulativo e após investidores interpretarem a ata da última reunião do Federal Reserve como um sinal de que a redução do estímulo nos Estados Unidos está próxima.

O movimento aconteceu mesmo com a forte atuação do BC (Banco Central) brasileiro, que fez dois leilões de swap cambial tradicional — equivalentes à venda futura de dólares —, anunciou mais um para a próxima sessão e, após o fechamento dos negócios, divulgou que fará um leilão de linha na quinta-feira. Um operador de uma corretora internacional comentou o cenário.

— O mercado lá fora piorou devido ao Fed e, como aqui o mercado está estupidamente especulativo, a notícia que era um pouco ruim lá fora fica aqui péssima.

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A ata da última reunião do Fed mostrou que apenas alguns integrantes do banco central norte-americano acreditam que o momento de reduzir o estímulo monetário no país está próximo, mas fez pouco para dissuadir a expectativa disseminada de que isso deve ocorrer já em setembro.

Investidores mantêm os olhos abertos para quaisquer sinais sobre a eventual redução do ritmo de compra de títulos do Fed, uma vez que, quando ocorrer, reduzirá a oferta de dólares nos mercados globais, catapultando as cotações da divisa dos EUA.

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No entanto, o avanço do dólar no Brasil era mais forte do que o observado em relação a outras moedas de países emergentes. Sobre uma cesta de moedas, o dólar tinha alta de 0,5%. Um operador de câmbio da B&T Corretora Marcos Trabbold apontou uma "perda de lógica" do negócio.

— O negócio perde um pouco a lógica, vendo o tamanho da valorização da moeda comparada com outros países. 

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Segundo ele, a pressão de fortalecimento do dólar vem principalmente do mercado futuro, com o que chamou de um "ataque especulativo" à moeda, e que as condições de liquidez no mercado à vista estão normais. Essa tese é corroborada pelos dados mais recentes do fluxo cambial, que mostraram entrada líquida de US$ 812 milhões na semana passada.

Natal mais caro

A alta do dólar frente ao real nos últimos meses afeta o preço das viagens internacionais e, de acordo com especialistas ouvidos pelo R7, até mesmo produtos natalinos devem sair mais caros em dezembro.

O vice-presidente da área de alimentos da Abba (Associação Brasileira dos Importadores e Exportadores de Bebidas e Alimentos), Sydney Bratt, afirma que a subida de preços pode chegar a 13% e vai atingir todas as mercadorias importadas, como bacalhau e vinhos.

— Em agosto, aquele estoque antigo que vários importadores tinham vai ter terminado e [eles] vão ser obrigados a colocar todo esse incremento...

Já o presidente do conselho da Abba, Adilson Carvalhal, prevê um impacto maior no óleo de soja, no azeite de oliva e na farinha. Esses são derivados do trigo e da soja, que assim como o milho, são commodities (bens comercializados globalmente e que tem seu preço cotado em moeda estrangeira).

O professor de economia do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) Mauro Rochlin enxerga uma alta de até 10% no preço do trigo. Segundo ele, um terço do consumo desse cereal vem por importações. Ou seja, como o Brasil compra parte do material de fabricação do pão, macarrão e do biscoito, esses produtos devem ficar mais caros nos supermercados já no mês que vem.

— O repasse para o preço do pão, macarrão não é de 10%, é muito menor do que isso, mas vai haver um impacto sim.

Se o câmbio permanecer nesse patamar, mercadorias importadas natalinas como o panetone, vinho e bacalhau, serão afetadas, segundo Sydney Bratt, da Abba.

— Vão com certeza afetar os produtos de Natal. Produtos natalinos são comprados agora [pelo varejo] para chegar em agosto e setembro. Panetones importados chegam em setembro, outubro e são comprados em agosto. Evidentemente vão ser afetados por esse câmbio.

Apesar das previsões, as padarias do País afirmam que vão assimilar o reajuste e prometem barrar o repasse para o consumidor.

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