O dólar saltou nesta quinta-feira (7), voltando a se aproximar do patamar de R$ 3,30, diante da avaliação de que o governo do presidente Michel Temer tem poucas chances de aprovar a reforma da Previdência em breve devido à dificuldade de conquistar apoio político.
O dólar avançou 1,73%, a R$ 3,2865 na venda, maior ganho desde 18 de maio passado (8,15%), quando o mercado reagiu à delação de executivos do grupo JBS que atingiram em cheio Temer.
Na máxima da sessão, a moeda norte-americana foi a R$ 3,3194, e o movimento de agora foi mais do que suficiente para anular a queda acumulada de 1,26% nos quatro pregões anteriores.
O dólar futuro subia cerca de 1,6% no final da tarde.
"A situação volta a complicar... Vamos ter que conviver com mais uma sessão de informações desencontradas, o que agrega volatilidade aos mercados", afirmou o economista-chefe da corretora Modalmais, Alvaro Bandeira.
O nervosismo do mercado veio com os sinais mais claros de que Temer não está conseguindo apoio político para aprovar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados ainda neste ano.
A dificuldade do governo de conseguir apoio à reforma — considerada essencial para o ajuste das contas públicas — fez o dólar mudar de patamar já em outubro passado, quando chegou a ser negociado no nível de R$ 3,15, mas foi próximo a R$ 3,30.
Mas, nas últimas semanas, diante dos esforços do governo, os investidores começaram a enxergar maiores chances à reforma, o que levou o dólar a recuar nas quatro sessões passadas, por exemplo. Agora, o nervosismo voltou à tona.
"Se não houver uma definição sobre o tema ainda este ano, com sua aprovação, o Brasil tende a ter sua nota de crédito rebaixada por agências de classificação de risco, afetando inclusive a política monetária", afirmou em nota o operador da Advanced Corretora Alessandro Faganello.
O Banco Central vendeu o total de até 14 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de janeiro. Até agora, rolou o equivalente a US$ 3,5 bilhões do total de US$ 9,638 bilhões que vencem no mês que vem.
No exterior, o dólar rondava a estabilidade ante uma cesta de moedas, mas subia ante divisas de países emergentes.