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Incerteza com economia esfria mercado e afasta comprador da casa própria

Venda de imóveis deverá ter mais um ano de ritmo lento, apesar da queda dos preços

Economia|Fernando Mellis, do R7

Vendas de imóveis novos caíram 10,7% de janeiro a outubro de 2016
Vendas de imóveis novos caíram 10,7% de janeiro a outubro de 2016 Vendas de imóveis novos caíram 10,7% de janeiro a outubro de 2016

A retomada do nível de emprego, a queda do endividamento das famílias, o esforço do governo para reduzir a inflação, a queda nas taxas de juros... Esses são os principais fatores que vão fazer com que os brasileiros voltem a ter confiança para entrar em um financiamento imobiliário.

Por enquanto, o pé atrás dos consumidores mexe também na confiança da construção, que está longe do patamar desejado pelo mercado.

Responsável pelo estudo do Índice de Confiança da Construção, da Fundação Getulio Vargas, o professor Itaiguara Bezerra diz que o grande problema hoje é a demanda.

— A pesquisa começou em julho de 2010, naquela época, os fatores que as empresas mais assinalavam era a escassez de mão de obra qualificada. O maior número da série foi em maio de 2011, em que 48,6% das empresas sinalizavam que a mão de obra qualificada era o principal gargalo. Hoje, é demanda insuficiente.

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Em dezembro, o Índice de Confiança da Construção chegou a 71,6 pontos, após uma queda de 0,8 ponto em relação a novembro. Para efeitos de comparação, esse número ficou acima de 95 até meados de 2014.

Bezerra explica que o índice chegou a apresentar uma leve alta entre julho e outubro.

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— Houve uma melhora na expectativa dos empresários com relação ao impeachment da Dilma. Sinalizaram que isso seria uma coisa melhor, só que eles estão calibrando isso. Ou seja, as expectativas estavam muito altas. Agora, estão sendo mais cautelosos, ou mais realistas.

Os empresários do ramo esperavam, uma reação rápida da economia, especialmente em relação ao desemprego. Porém, os últimos meses mostraram que o mercado de trabalho ainda pode demorar mais tempo do que o esperado para se recuperar.

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Na crise, compradores buscam imóveis menores e mais afastados do centro

O setor da construção civil amargou números ruins em 2016. De janeiro a novembro (dados mais recentes), as vendas de imóveis novos totalizaram 93,3 mil unidades, segundo pesquisa Abrainc-Fipe (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias/Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Em relação ao mesmo período de 2015, esse número representa uma queda de 8,8%. Apesar disso, em dezembro, as vendas voltaram a crescer, após 16 meses seguidos de queda. O estudo considera 20 grandes construtoras do País.

O VSO (valor sobre oferta) de imóveis na cidade de São Paulo está há três anos longe de atingir a média (confira quadro abaixo).

Por outro lado, os preços estão menores. O índice Fipe-Zap, que acompanha a evolução dos valores de imóveis em 20 grandes cidades brasileiras, constatou queda real de mais de 5% nos preços em 2016, em relação a 2015.

Ainda em relação ao FGTS, o governo aumentou, no fim do ano passado, o limite para financiar imóveis usando o fundo. O teto passou de R$ 750 mil para R$ 950 mil em São Paulo, Rio, Minas e no DF. Nos demais Estados, o máximo será de R$ 800 mil. Porém, na opinião do professor, isso só beneficia quem é mais rico.

— Deveriam focar na classe média e classe baixa, principalmente Minha Casa Minha Vida, que é quem gera volume de negócios no setor da construção.

O diretor da Abrainc Luiz Fernando Moura também pondera os efeitos da medida.

— É positiva, vai surtir algum efeito, mas por si só, não é suficiente. A gente precisa de confiança. Isso só acontece quando a economia voltar a crescer, porque aí aumenta o crédito.

Além de pagar dívidas, brasileiro também deverá usar grana extra do FGTS para reforma e 'puxadinho'

O SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), responsável por financiar cerca de 20% das construções e aquisições de imóveis no País no primeiro semestre de 2016, teve um dos piores desempenhos no ano, uma vez que milhões de brasileiros retiraram as economias da caderneta de poupança para quitar dívidas. Com pouca disponibilidade para emprestar, os bancos restringiram e encareceram o crédito.

De janeiro a novembro de 2016 (dados mais recentes divulgados até agora) foram concedidos R$ 41,23 bilhões em financiamentos imobiliários. Essa cifra representa uma queda de 41,8% em relação ao mesmo período de 2015: R$ 29,58 bilhões a menos na construção civil, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário).

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