A CNI (Confederação Nacional da Indústria) considera que as dificuldades provocadas pela pandemia da covid-19 vêm mostrando a importância da área de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) para o enfrentamento de crises do ponto de vista econômico e social.
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Na avaliação da entidade, os dados da Pintec mostram que os investimentos em inovação estão abaixo do potencial brasileiro. O Brasil, apesar de ser a nona maior economia do mundo, aparece apenas na 66ª posição no mais importante ranking que mede a atividade inovativa dos países – o Índice Global de Inovação.
Para a diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, um dos passos importantes para que o Brasil se torne um país mais inovador é aprovação da Política Nacional de Inovação. Recentemente, a CNI e a MEI (Mobilização Empresarial pela Inovação) – grupo coordenado pela CNI que reúne lideranças de mais de 300 das principais empresas com atuação no país – enviaram ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) contribuições para a construção dessa política.
"Esta é uma oportunidade para que o Brasil tenha uma estratégia ambiciosa na área e, com isso, consiga se posicionar entre as 30 economias mais inovadoras do mundo até 2030", afirma Gianna.
"A agenda de inovação é urgente e precisa ser vista como prioridade de país. A capacidade das empresas inovarem é determinante para aumentar o desenvolvimento econômico e social do Brasil", acrescenta a diretora. Segundo ela, a inovação terá fundamental importância para a superação da crise ocasionada pelo coronavírus.
Entre os eixos prioritários para a inovação no Brasil defendidos pela CNI estão a criação de um ambiente institucional e regulatório favorável à CT&I; a oferta de instrumentos de subvenção econômica e de crédito compatíveis com o risco tecnológico; e o apoio do Estado ao desenvolvimento científico, para que haja um ambiente favorável à produção de conhecimento e tecnologias de ponta.
A CNI defende ainda a ampliação de investimentos públicos e privados em inovação, bem como o aprimoramento de instrumentos de apoio à CT&I e a desburocratização das leis de apoio à inovação. Outro fator imprescindível para o desenvolvimento do país por meio da inovação é a maior integração do setor industrial com as universidades e os governos.
Indústria precisa de um salto em inovação
O estudo mais recente da CNI mostra que, em 2019, um em cada três empresários acredita que a indústria brasileira precisará dar um salto de inovação nos próximos cinco anos para garantir a sustentabilidade dos negócios em curto e longo prazos. Para 31% de CEOs, presidentes e vice-presidentes de 100 indústrias – 40 de grande porte e 60 pequenas e médias – o grau de inovação da indústria será alto ou muito alto nos próximos cinco anos, principalmente por questão de necessidade.
De acordo com dados da pesquisa da CNI, 6% dos empresários consideram a indústria brasileira muito inovadora. Para 49%, o grau de inovação da indústria brasileira é baixo ou muito baixo. Entre os fatores que justificam a avaliação estão a ausência de cultura de inovação no país e nas empresas, citada por 25% dos empresários; a falta de financiamento e investimentos em inovação, citada por 18,8%; e o cenário de crise econômica, lembrado por 14,6%.
As mais inovadoras
De acordo com levantamento da CNI, com base nos dados da Pintec anterior, relativos a 2014, as empresas que participam da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) investem 46,3% a mais em pesquisa e desenvolvimento (P&D) do que a média nacional. Segundo o levantamento da CNI, que levou em conta o desempenho de empresas da MEI na base de dados da Pintec.
De acordo com os dados, as empresas participantes da MEI investem 1,13% da sua receita líquida de vendas em P&D, enquanto a média nacional de investimentos é de 0,77% da receita líquida própria de vendas em P&D, conforme a Pintec relativa a 2014, que englobava 132.529 empresas. A amostra representativa na pesquisa da CNI contemplou 160 empresas – 80% delas implementaram inovações de produto e de processo simultaneamente contra 15% das demais empresas brasileiras que investem em inovação.