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Pandemia tira R$ 16,5 bilhões da renda das famílias por ano, diz FGV

Cálculo leva em conta as mais de 326 mil mortes de trabalhadores com mais de 20 anos em decorrência da doença, o equivalente a uma massa de rendimentos médios mensais de R$ 754,3 milhões

Economia|

Pandemia derrubou a renda potencial das famílias
Pandemia derrubou a renda potencial das famílias Pandemia derrubou a renda potencial das famílias

Os dois anos de pandemia de Covid-19 ocasionaram no corte de R$ 16,5 bilhões por ano na massa de renda potencial das famílias, segundo cálculos do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas). 

O estudo, que busca mensurar a perda do capital humano, considera as vítimas da doença com 20 anos ou mais, entre 16 de março de 2020 e 16 de março de 2022. De 20 a 69 anos, foram 326,3 mil vidas perdidas no período, o que equivale a uma massa de rendimentos médios mensais de R$ 754,3 milhões, ou R$ 9,1 bilhões em um ano.

Considerando o rendimento médio quando morreram e a expectativa de vida, as vítimas da Covid nessa faixa etária teriam capacidade de somar à renda familiar R$ 285,9 bilhões até falecer por outra causa.

"Essa nossa conta acaba sendo até limitada, porque considera a renda média da data da morte, como se a pessoa não fosse evoluir. Ela poderia se instruir mais e dar um salto na carreira, por exemplo", disse Claudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do FGV/Ibre.

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Já entre os idosos a partir de 70 anos, a Covid-19 vitimou 314,3 mil em dois anos de pandemia, o equivalente a uma massa salarial média mensal de R$ 617 milhões, ou R$ 7,4 bilhões perdidos em um ano.

"Essas pessoas não só usavam suas capacidades de trabalho, como também transmitiam isso para as próximas gerações", disse. "Quantas pessoas deixaram de fazer seus trabalhos e deixaram de transmitir suas experiências?"

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Um dos casos mais comuns na favela de Heliópolis, na zona sul de São Paulo, foi o de famílias em que algum dos membros, mais idoso, contribuía com a renda de uma aposentadoria ou algum tipo de benefício social e foi vítima da doença.

"Está muito difícil e foi muito difícil o período", afirmou Antonia Cleide Alves, presidente da Unas Heliópolis e Região, a associação de moradores do local, referindo-se à combinação do drama pessoal de perder entes queridos com os problemas financeiros relacionados a toda a crise econômica causada pela pandemia, que passa pela "carestia" e pela falta de trabalho.

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Redução de danos

Desde março de 2020, a Unas atua em ações emergenciais para contenção dos danos da pandemia, como a distribuição de cestas básicas e de máscaras - a fabricação de máscaras de pano serviu tanto para produzir os equipamentos de proteção quanto para gerar renda extra para costureiras. A distribuição de alimentos chegou a atingir mil cestas básicas por mês, segundo a Unas.

Auxílio Brasil vai ajudar famílias até retomada do mercado de trabalho
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Para Maria Andreia Lameiras, técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a perda de vidas e de renda chegou a impactar o consumo das famílias no país ao longo da pandemia, mas os programas de transferência de renda do governo, como o Auxílio Brasil, têm potencial para sustentar as famílias mais vulneráveis até que o mercado de trabalho mostre uma melhora mais significativa, com mais empregos e melhores salários.

"Parte dessa renda perdida na pandemia está sendo recuperada com esse Auxílio Brasil", opinou. "No médio e longo prazos, o que se espera é que a gente tenha uma economia que esteja crescendo mais e que parte dessa renda perdida das famílias seja recomposta."

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