Assaltos e até calotes estão entre receios dos condutores da Uber
Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão ConteúdoA partir desta sexta-feira (29) quem utilizar o Uber em São Paulo terá a opção de pagar em dinheiro. Até então, a única maneira era por meio de um cartão de crédito cadastrado previamente no aplicativo. Com a novidade, a empresa espera atingir aquela parcela da população que ainda não deixou de usar o táxi por não possuir cartão de crédito.
Por outro lado, alguns motoristas não ficaram muito entusiasmados com essa possibilidade. “Aí azedou”, comentou um parceiro da empresa norte-americana em um grupo fechado do Facebook de condutores da Uber. Outro insinuou que o serviço vai se transformar em “Uber lotação”.
Além disso, o medo de assaltos é tema recorrente nas publicações feitas por condutores da empresa. “Então qualquer zé mané pode baixar o app, é só ter cel? Realmente vai ser um prato cheio pra assaltos... É só o bandido chamar e levar!!? (sic)”, questionou outro condutor. Outros falam em aumento da possibilidade de calotes nas corridas.
Questionada, a Uber informou que qualquer passageiro está sujeito a avaliação por parte do motorista e que, em caso de calote, poderá ser banido da plataforma. "O usuário também pode ser desconectado da plataforma se tiver uma média baixa de avaliações ou conduta que viole os termos de uso", diz em nota.
Diante da possível vulnerabilidade ao andar com dinheiro em uma cidade onde o número de assaltos a mão armada superam os 400 por dia, uma motorista fez uma sugestão no grupo do Facebook.
“Quando recebemos por cartão, seja via Uber (onde a taxa do cartão está embutida nos 25% que ela nos desconta) ou via maquininha, a taxa que pagamos é também referente à segurança de não mexermos com dinheiro vivo. Agora, é injusto a Uber cobrar os mesmos 25% nos recebimentos em dinheiro, pois nós assumimos o risco de assaltos, notas falsas, calote, etc. e pagamos a mesma coisa para eles. O correto seria uma comissão de uns 20% no caso do pagamento em dinheiro, esses 5% ficariam conosco por termos que assumir a responsabilidade”, escreveu.
Mas há motoristas que defendem o pagamento em dinheiro. "Quem não quiser aceitar viagem em dinheiro... Não precisa se preocupar com troco... Estou feliz, recebo em real, dólar, euro, etc., comentou um homem.
A mudança no maior mercado da empresa norte-americana, São Paulo, ocorre poucos dias após o início do serviço EasyGo, da empresa Easy Taxi, que será mais um concorrente direto do Uber. No EasyGo, o passageiro escolhe se pagará com cartão de crédito cadastrado no aplicativo, com cartão de débito (máquina) ou em dinheiro. Na Uber, motoristas não estão autorizados a utilizar máquinas de cartão.
A ideia de aceitar o pagamento em dinheiro começou em três capitais do Nordeste (Fortaleza, Recife e Salvador), onde a empresa identificou que 60% das pessoas que começavam o cadastro no aplicativo desistiam na hora de informar os dados do cartão de crédito. A modalidade de pagamento foi estendida também para Belo Horizonte antes de chegar a São Paulo. Com isso, a Uber permite continuar a inscrição mesmo sem cartão.
Caso o motorista não tenha troco, o passageiro poderá optar por receber a diferença em créditos na Uber para usar na próxima viagem ou na fatura do cartão de crédito, se tiver cadastrado no app.