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A dois meses do vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que neste ano terá a primeira fase aplicada em 29 de outubro, o R7 pediu a professores do SAS Plataforma de Educação que selecionassem as matérias mais cobradas na prova, de todas as áreas do conhecimento. "A importância desse raio-X é otimizar o plano de estudos de cada estudante, evidenciando em que o aluno deve focar e seu tempo de dedicação ao longo do ano", afirma Idelfranio Moreira, gerente de ensino e inovações educacionais da plataforma. Confira a seguir os assuntos mais citados na prova da Unicamp de 2009 a 2022:
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Ciências da natureza, análise de Idelfranio Moreira
Física, química e biologia: a prova da Unicamp possui um fator de diferenciação em relação ao Exame Nacional do Ensino Médio, que é o fato de ter quatro alternativas de respostas em vez de cinco. Para o aluno, é uma questão de treino, pois a experiência de prova conta muito para a familiarização com os conteúdos. São sete questões da área, e na prova não há uma divisão exata entre os conteúdos de ciências da natureza. Todos estão no mesmo design e misturados entre si, o que exige maior concentração do aluno. Há muita semelhança em relação aos conteúdos da Fuvest e do Enem, mas as questões não trazem muita interpretação de texto nem contextualizações, pois são mais diretas ao ponto. Em física, há um peso muito grande nos conteúdos de mecânica e eletricidade, assuntos que sempre serão recorrentes. Em química, assim como no Enem e na Fuvest, físico-química e química geral são os conteúdos mais cobrados. A diferença está no dobro de questões que envolvem meio ambiente com relação aos outros vestibulares, em que há mais questões de química orgânica. Por fim, biologia, zoologia e botânica estão entre os assuntos mais cobrados e são os mais desafiadores em relação ao nível de dificuldade
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Matemática e suas tecnologias, análise de Ademar Celedônio, diretor de ensino e inovações educacionais
Matemática: antes de tudo, é bom explicar o modelo das provas. Unicamp e Fuvest são vestibulares tradicionais, muito mais focados nos conteúdos do ensino médio. Já o Enem traz como proposta sempre incluir uma contextualização, o que faz com que haja uma diferença bem grande das outras provas, porque, quando contextualizamos alguns conteúdos, aqueles que são mais próximos do nosso cotidiano, como escala, razão, proporção, regra de três e porcentagem, se tornam ainda mais fáceis de compreender. Alguns outros assuntos, como trigonometria, que não cai tanto no Enem, mas é mais cobrada em outras provas, são mais difíceis de contextualizar. No Enem, assuntos do ensino fundamental compõem de 60% a 65% do exame. Na Unicamp e na Fuvest, encontramos itens do ensino médio, apesar de termos pontos em comum entre as três provas, como o assunto das funções. A Fuvest tem quatro tópicos muito recorrentes: geometria plana, espacial e analítica e trigonometria
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Linguagens e códigos, análise de Vinícius Beltrão, coordenador de ensino e inovações
Língua portuguesa: assim como a Fuvest, o vestibular da Unicamp também conta com obras literárias indicadas previamente, o que permite antecipar os principais movimentos literários abordados, bem como o senso crítico esperado com a leitura e a interpretação desses textos. Há uma grande variedade, que passa por poesia, sermões, diários, teatro e outras narrativas. A gramática aparece de forma contextualizada, muito intrínseca ao sentido e à função no texto. As figuras de linguagem são recorrentes em questões sobre literatura e análise do discurso. Aliás, discurso é algo marcante nas questões. A coletânea de textos apresentados, literários ou não, pretende aferir o senso crítico do candidato. São questões com uma linguagem aprimorada e densa, que exigem alta proficiência analítica e reflexiva
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Linguagens e códigos, análise de Vinicius Beltrão, coordenador de ensino e inovações do SAS Plataforma de Educação
Inglês: as questões de língua inglesa trazem textos atuais dos diversos veículos de imprensa. Espere, portanto, encontrar gêneros textuais variados e questões que não solicitam análise nem compreensão do vocabulário, mas um entendimento global das ideias presentes no texto. Tal como na Fuvest e no Enem, os artigos estão em inglês, mas os enunciados são em português, enfatizando, de fato, a competência leitora em língua estrangeira para além do léxico
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Ciências humanas, análise de Luiz Carlos, consultor pedagógico
História: na Unicamp, as questões focam mundo contemporâneo, mundo moderno, história do Brasil centrada no sistema colonial, problemas sociais, em que se debatem a reforma agrária e desigualdade social e, por último, conhecimentos gerais — que muitas vezes caminham pelo universo da história política. Para todos esses conteúdos, o que os alunos precisam questionar é: quais são os marcos temporais? Pois são eles que levarão às respostas e facilitarão na hora de estudar
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Ciências humanas, análise de Luiz Carlos, consultor pedagógico
História: tanto para a Unicamp quanto para a Fuvest, os mesmos temas são recorrentes. Falamos muito de geopolítica, questões ambientais, população e urbanização. Geopolítica trata do contexto atual, envolvendo guerras, globalização, relações comerciais e suas influências. Podemos esperar conteúdos da guerra da Ucrânia e seus impactos na Europa, escassez de água e muito mais. Em clima, podem cair problemas ambientais, como desmatamento, poluição e processos populacionais. Urbanização se relaciona muito com sociologia e economia urbana, levantando o processo de modernização das sociedades e os impactos ambientais. População fala sobre reflexo demográfico e envelhecimento (tema forte na Europa e na Índia). A dica é sempre se manter informado, assistir a jornais e consumir informações para ampliar o conhecimento
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Ciências humanas, análise de Luiz Carlos, consultor pedagógico
Filosofia e sociologia: em todos os vestibulares (Enem, Fuvest e Unicamp), em filosofia, a temática de ética e justiça é amplamente abordada, assim como a filosofia antiga, com destaque para a questão ética. Na filosofia contemporânea, temos os pensamentos iluministas, especialmente sobre política e transformações econômicas. Importante ressaltar que, tanto para filosofia quanto para sociologia, a questão política vai sempre explorar o bem comum a fim de promover uma sociedade sustentável. Já sociologia explora muito a relação do trabalho e quais são seus impactos na vida cotidiana. Trata ainda de como o capitalismo se vincula à sociedade e como as cidades se manifestam em relação a isso. A temática da indústria cultural é muito marcante, especialmente no que se refere à diversidade da produção cultural, questionando como os meios de comunicação lidam com a diversidade e a ideia de justiça e sustentabilidade. Por fim, especialmente na Fuvest e na Unicamp, os conteúdos de filosofia e sociologia se diluem entre as questões de história. Mais do que saber os conceitos sociológicos, a ideia é que o candidato tenha noção de suas aplicações na sociedade. Sobre as desigualdades sociais, conteúdo cobrado com maior frequência na Unicamp, é importante estar a par dos movimentos sociais em atividade
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