Em último debate, candidatos adotam tom mais cordial sem abandonar a troca de farpas
Rollemberg criticou proposta de ônibus a R$1 e Frejat chamou o concorrente de inexperiente
Distrito Federal|Myrcia Hessen, do R7

Os candidatos ao governo do DF Jofran Frejat (PR) e Rodrigo Rollemberg (PSB) trocaram farpas nesta quinta-feira (23) durante o último debate televisivo antes do segundo turno das eleições. Faltando três dias para os eleitores irem às urnas, o clima entre os dois candidatos esquentou.
No primeiro bloco do debate, Rollemberg e Frejat puderam fazer perguntas com temas livres entre si, com direito à réplica e tréplica. Neste momento, Frejat questionou Rollemberg o porquê de ser contra sua proposta de ônibus a R$ 1 para os moradores do Distrito Federal. Em resposta, Rollemberg negou a acusação, e disse ser a favor de algo maior: a tarifa zero.
— Eu sou a favor da tarifa zero, mas ainda não é possível [fazer]. Essa proposta [de ônibus a R$1], da forma como foi feita, é para enganar o eleitor. Frejat esquece que o IPVA já está comprometido. Disse também que ia mudar [o destino] do IPVA por meio de decreto, como ex-parlamentar, ele deveria saber que não pode mudar os recursos do IPVA por decreto. Agora, sou a favor do bilhete único. Com uma única passagem a pessoa pega o ônibus, o metrô, o BRT, que vai efetivamente diminuir o preço da passagem.
Veja em vídeo a íntegra do debate da Rede Record ao governo do DF
Na réplica, Frejat chamou Rollemberg de “inexperiente” por conta de sua colocação e disse negou que tenha dito que mudaria o destino do IPVA por decreto. Segundo ele, a ideia é retirar o recurso para viabilizar passagem de ônibus a R$ 1 no momento da transição de governo, quando se apresenta a proposta orçamentária.
— O IPVA hoje arrecada cerca de R$ 820 milhões e não gasta mais de R$ 300 milhões com saúde e educação. Hoje, todo o resto é usado para pagar cabide de emprego. [A proposta de ônibus a R$1] vai dar certo.
Na réplica, Rodrigo Rollemberg voltou a dizer que a proposta de ônibus a R$ 1 de Frejat é “eleitoreira” e afirmou ter ouvido de muitos eleitores que o candidato irá aumentar os impostos da cidade para conseguir abaixar o valor da passagem. Para Rollemberg, a única forma de abaixar rapidamente o valor gasto em transporte público é por meio do bilhete único, proposto por ele desde o início da campanha eleitoral.
— Hoje uma pessoa que mora em Planaltina e trabalha no Lago Sul, por exemplo, gasta R$ 6,50 para ir trabalhar e R$ 6,50 para voltar do trabalho. Com o bilhete único, ela fará esses dois trechos com um único valor.
Máquina Pública
Entre os temas escolhidos pela Rede Globo, emissora que promoveu o debate, o da máquina pública foi o que mais causou alvoroço entre os dois candidatos. Isso porque Jofran Frejat (PR) afirmou que Rodrigo Rollemberg (PSB) teve participação durante o governo de Agnelo Queiroz (PT), inclusive indicando pessoas para cargos comissionados e, depois, abandonando o barco ao invés de ajudar um “governo com dificuldades”.
Rollemberg rebateu a crítica lembrando o eleitor que, pessoalmente, nunca participou do governo Agnelo Queiroz e sim o seu partido, PSB, que, ao perceber o não cumprimento das propostas, decidiu sair do governo “de forma tranquila e democrática”.
— As pessoas que não quiseram sair do governo, saíram do partido. Nós saímos do governo Agnelo e queremos declara guerra à burocracia. Vamos qualificar a máquina pública, colocar engenheiros, arquitetos, advogados. É um absurdo que, na Capital da República, uma pessoa demore mais de um ano para ter o habite-se. E repito: quem se afastou do compromisso foi Agnelo.
Na réplica, Frejat afirmou estar “preocupado” porque Rollemberg, que pode vir ser eleito governador do DF, “traiu” o partido que ajudou o ajudou a ser eleito.
— Realmente estou preocupado, você [Rollemberg] fez parte do governo Lula, depois trabalhou para Dilma, depois trabalhou para o Agnelo e traiu o partido que ajudou a eleger você. Ai mudou para Marina e agora mudou para o Aécio. Quando o governo não vai bem, o companheiro deve ajudar, orientar e não sair. Isso é inexperiência ou falta de compromisso.
Na tréplica, Rodrigo garantiu que nunca mudou de partido e que acha “graça” na tentativa de Frejat o comparar com Agnelo durante toda a campanha e, agora, na reta final, mudar a tática. Segundo ele, isso tem acontecido porque o PT está apoiando seu adversário informalmente.
— A turma do Agnelo está pedindo votos para você [Frejat]. Todo mundo já percebeu que Agnelo está com você. Meu partido decidiu ter um candidato a presidente da República e agora apoia Aécio, sigo meu partido sem jamais me afastar dos meus compromissos.
Pesquisas
A pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (23) revela que o candidato Rodrigo Rollemberg (PSB) é o preferido com 47% das intenções de votos dos eleitores do Distrito Federal. Seu concorrente, Jofran Frejat (PR), aparece com 36% da preferência. Outros 10% dos entrevistados votariam em branco ou nulo. Os indecisos somam 7%. Os dados são da pesquisa estimulada.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 15 de setembro, Rollemberg estava com 46% das intenções de voto. Comparado com o atual levantamento, ele cresceu 1%. Frejat estava com 35% na primeira pesquisa e também subiu 1%.
