Na natureza é assim: dormiu, perdeu
Reprodução/YouTube/Texas Backyard WildlifeAlgumas espécies de pássaros continuamente roubam pelos de mamíferos e até cabelo humano para fazer ninho. A técnica ousada foi objeto de investigação de pesquisadores da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, que chegou a conclusões um tanto inusitadas.
Vídeos no YouTube e outras redes sociais mostram como aves, principalmente da família Paridae — também conhecidos como chapins —, parecem gostar muito de pelos para criar ninhos.
A sabedoria popular suspeitava que esses pássaros encontravam pelos caídos ou buscavam pelos soltos dos animais. Mas não é bem assim: eles desenvolveram táticas para roubar diretamente do corpo de seus portadores vivos.
O estudo começou quando Jeffery Brown, professor de ciências ambientais, flagrou um chapim roubando pelos de um guaxinum dormindo, que pareceu não perceber o crime.
Jeffrey e seus companheiros de estudo até deram um nome para a tática: cleptotriquia, e passaram a estudá-la. O resultado é um artigo na revista Ecology, considerado quase pioneiro.
A equipe encontrou outras 11 citações a roubo de pelos por aves, quase todas relacionadas aos chapins, que parecem bicos-leves natos.
No YouTube, eles acharam muito mais: 99 flagrantes de cleptotriquia, com alvos como humanos, gatos e guaxinins. Até mesmo um porco-espinho foi roubado!
O estudo não chegou a teorizar sobre o motivo de uma ave arriscar a vida para roubar pelos de animais vivos, ao invés de aprimorar técnicas para achar pelos de carcaças e cadáveres.
Uma possível resposta é que o cheiro dos mamíferos vivos seja classificado como um repelente de predadores, o que deixaria os ninhos mais seguros — além da óbvia proteção contra o frio.
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Há aves que fazem coisas similares, também quase certamente para lidar com predadores.
"Existem tentilhões na África que colocam material fecal de mamíferos no topo de seus ninhos fechados, presumivelmente para confundir e, assim, manter os predadores afastados", afirmou Mark Hauber, professor de evolução e co-autor do estudo, em um comunicado publicado pela universidade.
Ainda que o motivo de tal comportamento não tenha sido totalmente desvendado, já é possível entender como os pelos se tornaram itens muito desejáveis entre essas espécies.
A ideia é continuar observando as aves e buscar diferentes ângulos para tentar responder a questão.
"Interações inesperadas como essas nos lembram que os animais exibem todos os tipos de comportamentos interessantes e muitas vezes esquecidos, e destacam a importância de observações cuidadosas da história natural para lançar luz sobre as complexidades das comunidades ecológicas", finalizou Henry Pollock, também da equipe de pesquisa.
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