Caro leitor, este é o rato-toupeira-pelado e há tanto para falar sobre ele que é até difícil começar. Ele é um roedor, que vive principalmente no chamado Chifre da África — um belo nome para a região onde fica a Somália, Etiópia, Djibouti e Eritréia. Ele é bem feio, como fica claro pela imagen, e vive escavando o solo. E há algo macabro no comportamento deles: esses roedores sequestram filhotes de outras ninhadas para fins reprodutivos
Reprodução/Smithsonian's National Zoo
O rato-toupeira-pelado também é conhecido por ser muito resistente ao câncer e por viver incríveis 37 anos, um número anormalmente alto para roedores
Flickr/Smithsonian National Zoo (Sob Licença Creative Commons)
Além disso, é o único mamífero conhecido que não tem sangue quente e pode ficar até 18 minutos sem oxigênio. Eles também são quase cegos e praticamente não sentem dor na pele
As estranhezas não param por aí, acredite: eles vivem em colônias que lembram as de insetos, com até 300 integrantes. Uma rainha se reproduz com um único macho e todos os outros são impedidos de acasalar pela rainha, seja por meio de feromônios na urina dela ou violência física
Flickr/Smithsonian National Zoo (Sob Licença Creative Commons)
E é aí que entra o detalhe assustador. Um estudo de setembro de 2020, publicado no periódico African Journal of Ecology, revelou que esses animais são socialmente agressivos e atacam colônias adversárias
Flickr/Smithsonian National Zoo (Sob Licença Creative Commons)
Stan Braude, professor de biologia da Universidade de Washington que estuda a espécie há 40 anos, revelou na pesquisa que as guerras entre colônias não são causadas por recursos e comida. Ele estudou 26 colônias do Parque Nacional de Meru, no Quênia. Em entrevista ao Washington Post, ele revelou que as colônias "se odeiam", muito provavelmente por diferenças de odores
Josemarjauregui/Wikimedia Commons
Colocar uma colônia ao lado da outra em um laboratório provavelmente resultaria "num banho de sangue", sugeriu Braude na entrevista
Mas, em vários desses ataques, alguns integrantes da colônia rival são sequestrados. Alguns apanham ou são colocados para trabalhar, mas uma dupla geralmente fica intocada. Esses dois sequestrados são selecionados para se reproduzir na nova colônia, uma vez que a reprodução entre a fêmea e o macho escolhido da colônia não parece ser suficiente para manter o reinado
Flickr/Josh More (Sob Licença Creative Commons)
A suspeita de Braude — atente para o fato de que um especialista com quatro décadas de estudos da espécie ainda está cheio de dúvidas — é que a cada ninhada alguns indivíduos diferentes são gerados, especialmente para serem vítimas do sequestro e poderem se reproduzir em uma outra colônia, Esses tais indivíduos são deixados de lado pela rainha da colônia e são levados em caso de ataque. Caso a colônia não seja atacada, esses animais saem do subterrâneo (um evento raro) e fundam outra colônia