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Por 12 anos, Genie Wiley ficou trancada em um quarto, amarrada por uma camisa de força improvisada feita pelo próprio pai, que a mantinha ali por suspeitar que ela tivesse uma deficiência mental. Quando foi encontrada, com 13 anos, psicólogos concluíram que ela tinha a mentalidade de um bebê, por não ter tido contato profundo com qualquer ser humano antes. O caso foi considerado um dos mais graves de abuso infantil da história
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Clark, seu pai, tinha uma personalidade abusadora, era controlador e possuía problemas com barulho. Seu berro mais comum envolvia mandar seus filhos calarem a boca, que era ouvido pelos vizinhos em Los Angeles, Estados Unidos
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Clark teve quatro filhos com a esposa Irene. Um deles morreu ainda bebê após ele abandoná-lo em uma garagem fria
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Outro morreu por complicações no parto, de forma que sobraram apenas Genie e um filho chamado John
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Em 1958, com pouco mais de um ano, Genie (o nome foi alterado para preservar a identidade dela) foi presa por seu pai no quarto
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As reações violentas de Clarke refletiam a morte recente da mãe dele, atropelada por um motorista bêbado. Após a morte, ele se tornou paranoico ainda mais violento
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Ainda criança, ele proibiu a filha de chorar ou fazer qualquer barulho
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E passou mais de uma década presa, isolada de qualquer contato social e mal recebendo luz do sol
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À noite, ela podia sair do quarto e ficava presa em um banheiro, se alimentando principalmente de líquidos
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Clark rosnava como um cachorro para ela e se a menina fizesse barulho, apanhava com uma vara
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Em 1970, Irene fugiu da casa de Clark e levou Genie com ela
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Ela sofria de catarata e estava quase cega e foi até o escritório de um assistente social para tentar pegar uma pensão por invalidez
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Mas ela errou o escritório e entrou num centro de ajuda para crianças
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Os assistentes sociais ficaram horrorizados quando viram Genie, acompanhada de sua mãe
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Na época, com 13 anos, ela tinha apenas 26 quilos
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Clark foi preso por abuso infantil, mas se suicidou no dia do julgamento
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Em sua cela, ele deixou um bilhete escrito: "O mundo não vai compreender"
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Genie foi encaminhada para uma série de hospitais psiquiátricos e passou a ser estudado por uma série de profissionais de diversas áreas
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Ela não sabia mastigar: quando comia, simplesmente deixava a comida na boca até ficar mole e poder engolir
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Também só não falava, apenas palavras como "azul", laranja", "mãe"
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Ela também urinava e defecava na frente de todos quando ficava estressada
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Essa série de comportamentos primários levaram Genie a ser classificada como uma "criança selvagem", uma humano que não teve contatos profundos com humanos na infância
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Embora o termo geralmente se aplique para crianças criadas por animais, o caso de Genie demonstra também a complexidade da linguagem
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Mesmo adulta, ela enfrentou sérias dificuldades para entender gramática e formular frases complexas
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Quando foi divulgado, o caso de Genie ganhou o mundo e se tornou famoso
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Mas, com o tempo, ela foi saindo de vista
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Muito porque em situações assim o governo busca proteger a identidade dos envolvidos
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Por isso, nem os estudiosos mais próximos do caso dela sabem exatamente como Genie está hoje
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Com cerca de 60 anos, não se sabe como ela está atualmente
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Segundo informações do documentário Genie Wiley, do canal TLC, Genie não vê o irmão John desde 1982
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Irene, a mãe dos dois, morreu em 2003
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Por isso, não se sabe exatamente se ela foi capaz de se recuperar de todos os traumas
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Ou de se relacionar com o mundo com o mínimo de normalidade
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O caso da menina afetada por tantos abusos foi descrito no livro Genie: A Psycholinguistic Study of a Modern-day "wild Child"
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