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Pisamos em um hospital e sempre nos chama a atenção a higiene, as roupas brancas, o fato de que todo o mundo parece saber o que está fazendo. Mas saiba que nem sempre foi assim: há alguns séculos, e medicina ocidental era um tanto... experimental. Um dos detalhes descobertos recentemente por historiadores da medicina é que pedaços mumificados de cadáveres eram utilizados (e COMIDOS) em tratamentos médicos
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O histórico dessas práticas foi descrito em detalhes no livro Medicinal Cannibalism in Early Modern English Literature and Culture, da professora Louise Noble, da University of New England, da Austrália
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Segundo esse e outros livros, era comum até membros da realeza europeia devorarem cadáveres. Geralmente em remédios com ossos, gordura, pele e sangue humanos
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Os remédios eram para males desde dor de cabeça a epilepsia. Segundo os registros, as práticas do tipo duraram centenas de anos, com auge nos séculos 16 e 17
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Por outro lado, havia poucos opositores de práticas do tipo na época, ainda que a mentalidade europeia da época apontasse o canibalismo na América e Ásia como um símbolo de selvageria e primitivismo
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Algumas pessoas chegavam a comer múmias egípcias, principalmente os crânios, alegando que eram bons para "doenças da cabeça"
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Em vários países europeus também era comum fazer uma espécie de skincare com gordura de cadáveres
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Como sangue fresco também era considerado um remédio, carrascos no século 16 faziam o papel de curandeiros e tiravam largas porções de sangue de condenados antes da punição final
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Não haviam teorias lá muito bem fundamentadas e hoje consideradas científicas para justificar tais práticas
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Segundo o livro, resenhado em uma matéria da Smithsonian Magazine, os médicos consideravam que o cadáver "continha o espírito" da pessoa morta, e comê-lo aliviava dores e doenças. Não era nada diferente dos pensamentos de guerreiros da América, que praticavam canibalismo para "adquirir os poderes de povos vencidos"
Arquivo Público
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“A única coisa [diferença] que sabemos é que quase todas as práticas canibais não ocidentais são profundamente sociais no sentido de que a relação entre quem comia e quem é comido é importante. Nas práticas europeias, isso é irrelevante”, afirma Beth A. Conklin, antropóloga cultural e médica da Universidade de Vanderbilt, a Smithsonian Magazine
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A ideia do canibalismo como medicina começou a decair no século 18, quando regras de higiene foram amplamente aceitas e europeus passaram a utilizar garfos para comer e sabão para banho. Hoje, corpos ainda são utilizados para tratamento, mas a prática nunca envolve comê-los e sim transplantes e transfusões. Fica aí a aula de história!
No século 20, dois médicos operaram a si próprios e entraram para a história da Medicina (e do HORA 7) pelo feito!Pixabay
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Você talvez conheça a história do médico russo Leonid Rogozov, que operou o próprio apêndice para evitar a morte. Já falarei dele também, mas essa história aqui é para reafirmar que Rogozov não é pioneiro: na década de 20, um médico fez o mesmo para testar técnicas medicinais. E, não satisfeito, operou a si mesmo três vezes
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Esse médico se chama Evan O’Neill Kane. Naquela época, a medicina ainda era um troço com algum grau de experimentalismo. Em 1919, com 58 anos, ele já ganhara alguma fama ao amputar o próprio dedo para impedir a propagação de uma infecção
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Dois anos depois veio a fama definitiva: em 15 de fevereiro de 1921, ele operou o próprio apêndice, se tornando a primeira pessoa a fazer isso
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Por que ele fez isso? O site Steemit explica, citando uma edição do New York Times da época: "Se um cirurgião realmente pode fazer o trabalho por si mesmo, não precisa haver medo por parte do paciente de que outro o faça". Um excelente argumento, vamos admitir
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A ideia de Kane era também testar métodos de anestesia, uma local ao invés de geral. E fazer isso em si próprio foi a forma mais segura que ele encontrou. Ele promoveu a novocaína como anestésico, ao invés de cocaína, o que diminuía o risco para pacientes cardíacos. Em 1932, aos 70 anos, ele repetiu a dose e operou a si próprio de novo, dessa vez uma hérnia inguinal causada por um acidente de equitação. Foi mais um sucesso, apesar da delicadeza do procedimento. Kane entrou para a história como um dos pioneiros e maiores defensores da anestesia local
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Após conhecer a história de Kane é hora de falar de Leonid Rogozov, que ficou famoso por motivos similares
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Rogozov era russo, um médico importante especialista em medicina familiar
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Em 1960, aos 27 anos, ele embarcou na missão soviética para a Antártica, mais especificamente à base Novolazarevskaya
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Durante a missão de um ano, ele começou a sentir tonturas, náuseas, febres e dores. Só havia um problema: ele era o único médico da expedição
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Ele fez um autodiagnóstico e constatou que tinha apendicite aguda e não poderia ser transportado para um hospital. A única solução foi operar a si próprio
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Dois integrantes da equipe o ajudaram com instrumentos e segurando espelhos durante o procedimento
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Leonid fez algumas pausas, mas conseguiu a retirada do apêndice inflamado em uma hora e 45 minutos
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Cinco dias depois, Leonid já não sentia os sintomas da apendicite e não muito depois os pontos foram retirados
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Além disso, os integrantes da equipe, tiraram essas belas fotos que entraram para a história e deram a devida fama a Leonid, reconhecido na antiga União Soviética
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