Resumindo a Notícia
- Cientistas australianos querem que todos parem de dizer que tubarões 'atacam' humanos
- Segundo eles, esses eventos são melhor descritos como 'encontros" ou 'mordidas'
- A linguagem envolvida é importante para a forma como lidamos com tubarões, dizem eles
- Mais de um terço do encontros com tubarões não resultam em ferimentos
Mesmo com outro nome, dar de cara com eles continua assustador
Reprodução/Instagram/@captainjohnmooreEspecialistas pediram para que ataques de tubarão deixem de ser chamados de "ataques de tubarão" e sejam renomeados para "mordidas de tubarões", ou ainda "encontros negativos com tubarões".
O que parece um simples caso de rebranding, na verdade tem consequências importantes, segundo os estudiosos ouvidos pelo jornal australiano Sydney Morning Herald.
Segundo o dr. Leonardo Guida — especialista em tubarões da Australian Marine Conservation Society e um dos principai proponente da mudança — a ideia é "dissipar as suposições inerentes de que os tubarões são monstros devoradores vorazes de humanos".
A mudança seria válida apenas para relatórios anuais e descrições oficiais desse tipo de evento — os cientistas afirmam que possíveis vítimas de tubarões têm o direito de descreverem as próprias experiências como quiserem.
A mudança já foi implementada, inclusive, nos últimos relatorios oficiais de encontros com tubarões da região australiana de Nova Gales do Sul.
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O pesquisador de tubarões Christopher Pepin-Neff, da Universidade de Sydney, afirmou ao jornal que a linguagem pode ser uma ferramenta poderosa. Segundo ele, até 1930, mordidas de tubarão eram descritas como "acidentes de tubarão" em boa parte da Austrália.
Mas tais eventos começarem a ser chamados de "ataques de tubarão" por ideia do cirurgião Victor Coppleson, que tratava mordidas em Sydney. A partir daí, as coisas mudaram um pouco e foram instaladas redes contra os predadores nas praias da cidade.
O dr. Leonardo ressalta que a linguagem pode ser um mediador potente para a forma como o público reage a esse tipo de evento. Se alguém se sentir vítima de um ataque, pode clamar para que o predador seja abatido ou algo do tipo.
“A pior coisa que queremos é gente matando muitos tubarões”, afirmou Nathan Hart, professor da Universidade Macquarie, durante um simpósio sobre tubarões realizado no país.
Ele ressalta ainda que diversas filmagens de drones em praias mostram que tubarões não encaram humanos como presas naturais.
Já Pepin-Neff aponta que que mais de um terço de todos os encontros com tubarões terminam sem qualquer ferimento.
Os especialistas dizem também que tubarões são predadores há mais de 400 milhões de anos e ainda não estão totalmente acostumados à presença de humanos em seu território. Por isso, geralmente dão apenas um mordida — que pode deixar estragos assustadores — antes de seguirem caçando.
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