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Acordo entre Israel e Emirados Árabes retrata mudanças na região

Há alguns anos, Israel e os países do Golfo, incluindo a Arábia Saudita, vêm refreando as discordâncias e convergindo para um entendimento

Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7

Netanyahu conversou com príncipe dos Emirados
Netanyahu conversou com príncipe dos Emirados Netanyahu conversou com príncipe dos Emirados

A intenção do governo israelense de anexar o Vale do Jordão, Ma'ale Adumim, Beit El e os assentamentos israelenses na Cisjordânia acabou se tornando um instrumento de negociação de pacificação. Bastou o país deixar de lado tal objetivo, neste momento pelo menos, para impulsionar um acordo de paz inédito com os Emirados Árabes.

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No jogo de xadrez da política, qualquer movimentação pode ser estratégica. E desencadear outros movimentos mais decisivos à frente.

O "passo atrás" de Israel era uma condição que passou a ser exigida por muitos países que estão na iminência de acordos com o governo israelense. E abriu os portões para o fim de uma hostilidade histórica, fenômeno que estava à espera de um leve empurrão. O contexto atual de globalização e impasses políticos entre os próprios árabes no Oriente Médio, afinal, é outro.

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Já não cabe a retórica cega de ódio a Israel, bem ao estilo megalomaníaco de ditadores como Gamal Abdel Nasser ou Saddam Hussein, em um momento no qual muitos aliados árabes dos Estados Unidos têm visto Israel como um parceiro comercial, tecnológico e, por ser também aliado dos americanos, estratégico no Oriente Médio.

Há alguns anos, Israel e os países do Golfo, incluindo a Arábia Saudita, antes um de seus mais tradicionais inimigos, vêm refreando as discordâncias e convergindo para um entendimento direcionado à não-agressão e a contratos comerciais e de cooperação tecnológica, além de uma estratégia única para lidar com o Irã, basicamente xiita e visto como uma ameaça tanto por Israel quanto por países sunitas.

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Países como Omã e Bahrein já receberam, nos últimos dois anos, representantes diplomáticos israelenses. Recentemente, Israel e Emirados Árabes já haviam acertado uma parceria para o combate ao novo coronavírus.

A confirmação do acordo, após conversa por telefone entre o xeque Mohammed Bin Zayed, príncipe dos Emirados Árabes; o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos EUA, Donald Trump, é, depois de décadas, mais um passo em favor da conciliação da região.

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O processo tem sido lento, é verdade. Caminha, mais ou menos, a cada vinte anos. Mas traz resultados. O acordo de Camp David 1, por exemplo, ocorreu 31 anos após a criação do Estado de Israel e, desde então, Israel e Egito não mais entraram em guerra.

O mesmo ocorreu 17 anos depois, com a paz selada entre Israel e Jordânia. Foram processos que se estabeleceram ao longo do tempo e que apenas institucionalizaram algo que, em termos de relações pessoais, até existia.

O famoso general Moshe Dayan, por exemplo, chegou a ter bom trânsito com ninguém menos do que Izz ad-Din al-Qassam, líder árabe nos anos 30, apesar de não ter conseguido demovê-lo de guerrear contra colonos judeus. Qassam acabou inspirando a denominação de uma ala militar do Hamas, grupo considerado terrorista por Israel e EUA, entre outros.

Também Golda Meir, então chefe do Departamento Político da Agência Judaica, em 1947, teve dois encontros secretos com Abdullah, rei da Jordânia, e quase conseguiu convencê-lo a não entrar na guerra que se avistava contra Israel, em uma aliança formada pela então Transjordânia, Iraque, Síria e Egito, que culminou com a criação do Estado de Israel.

Abdullah, no segundo encontro, cordial, lamentou e disse que não tinha como contrariar seus aliados.

Institucionalmente, pode-se dizer que a relação de Israel e os árabes passou por avanços. Os conflitos maiores agora se restringem a apenas um país, o Irã (que tem ascendência sobre a Síria), e a grupos radicais instalados próximos à fronteira.

O cenário agora aponta para um interesse em se criar um grande eixo de negócios na região, para se contrapor ao eixo Irã e Síria. Basta cada um dos lados - Israel e países do Golfo - acenarem para um acordo, para que ele se realize.

Enquanto uma parte do Oriente Médio se mantém em guerra, em outra os ventos parecem estar mudando de direção. Rumo à diplomacia. Que nada mais é do que convergência política e estratégica.

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