Chanceler do Suriname, Albert Ramdin caminha ao lado de Mike Pompeo
Ranu Abhelakh/ Reuters/ 17.09.2020A China acusou nesta sexta-feira (18) o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, de "semear a discórdia" entre o país asiático e os da América Latina.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, disse que Pompeo, atualmente cumprindo uma agenda de visitas a alguns países latino-americanos, como o Brasil, quer "interromper a cooperação" entre eles e a China.
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"Suas declarações nada mais são do que ataques agressivos para difamar a China. Estão cheias de preconceitos ideológicos, não baseadas em fatos", disse o porta-voz.
Wang enfatizou que a China "não pedirá aos países em questão que escolham isso ou aquilo em suas relações de cooperação" e "não ameaçará outros países para que não cooperem com nenhum outro".
Segundo um funcionário do Departamento de Estado dos EUA, Pompeo, que além do Brasil faz visitas a Suriname, Guiana e Colômbia, tem o objetivo de fortalecer a segurança regional diante de uma "ameaça" representada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, um aliado de Pequim.
A embaixada da China no Suriname acusou o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, de "difamar" Pequim depois que o diplomata mais graduado de Washington criticou as práticas de empresas chinesas durante a primeira parada de sua viagem a quatro países sul-americanos.
Em um evento conjunto com o recém-eleito presidente do Suriname, Chan Santokhi, na quinta-feira (17), Pompeo contrastou "a qualidade dos produtos e serviços de empresas privadas americanas" com os de empresas chinesas, que ele disse nem sempre competirem em uma "base justa e igualitária".
"Vimos o Partido Comunista Chinês investir em países, e tudo parece ótimo na fachada e depois desmorona quando os custos políticos conectados a isso se tornam claros", disse Pompeo.
Seus comentários vieram depois de uma série de descobertas de jazidas de petróleo no litoral do Suriname, cujos laços comerciais com a China cresceram no governo do presidente anterior, Desi Bouterse, autocrata militar responsável por um colapso econômico que tentou se reeleger e perdeu para Santokhi no início do ano.
A China fez empréstimos e investimentos de grande porte na América Latina, rica em recursos, durante o boom de décadas das commodities que praticamente chegou ao fim em 2014. O governo Trump tem tentado ressaltar as dívidas pesadas e a deterioração econômica que estas relações deixaram para parceiros comerciais próximos da China, como Venezuela e Equador.
Em seu comunicado, a embaixada chinesa de Paramaribo disse: "Qualquer tentativa de plantar discórdia entre a China e o Suriname está fadada ao fracasso."
"Aconselhamos o senhor Pompeo a respeitar os fatos e a verdade, a abandonar a arrogância e o preconceito, a parar de difamar e espalhar rumores sobre a China", disse a embaixada.
Na quinta-feira, Santokhi disse aos repórteres que o relacionamento do Suriname com a China não foi um tema de conversa em sua reunião com Pompeo. "Não é uma questão de fazer escolhas", disse.