Internacional China publica relatório culpando hegemonia dos EUA por perigo global

China publica relatório culpando hegemonia dos EUA por perigo global

País garante que Estados Unidos usa múltiplos métodos nocivos para manter a sua "supremacia mundial"

Agência EFE

Resumindo a Notícia

  • China publicou nesta segunda-feira um relatório que acusa EUA de tentarem manter soberania global.
  • País critica forma que Washington interfere em assuntos globais que não os diz respeito.
  • Publicação analisa hegemonia nos polos: político, militar, econômico, tecnológico, cultural dos EUA.
  • Relatório é mais um capítulo das recentes divergências entre as duas principais potências.
Presidente dos EUA, Joe Biden, já disse em discurso que protegerá seu país contra ameaças a soberania nacional vindas da China

Presidente dos EUA, Joe Biden, já disse em discurso que protegerá seu país contra ameaças a soberania nacional vindas da China

Mandel Ngan/AFP - 15.11.2022

A China publicou nesta segunda-feira um relatório no qual acusa os Estados Unidos de usarem múltiplos métodos para manter a sua "supremacia mundial", que considera um risco global, justamente quando as relações entre os dois países vivem momentos de tensão.

O Ministério das Relações Exteriores do gigante asiático compartilhou hoje um documento intitulado “Hegemonia americana e seus perigos”, no qual defende que Washington "tem agido com mais audácia" desde o fim das guerras mundiais para "interferir nos assuntos internos" de outros países.

A publicação consiste em cinco pontos nos quais se analisa a hegemonia política, militar, econômica, tecnológica e cultural dos EUA ao longo da história - do ponto de vista de Pequim -, pouco depois que a "crise dos balões" e acusações de interferência na guerra da Ucrânia prejudicaram as relações bilaterais.

O Ministério das Relações Exteriores da China culpa os EUA por organizar "revoluções" ou lançar guerras para "promover a democracia", enquanto mantém uma "política de blocos" que "alimenta conflitos e confrontos".

A China dá como exemplo as "interferências por conta da 'Nova Doutrina Monroe'" na América Latina, utilizada para defender o princípio da "América para os americanos", mas que segundo as autoridades chinesas representa "América para os Estados Unidos".

O relatório cita um livro do ex-secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, no qual o político revelou que o país tinha planejado “intervir na Venezuela" para, entre outras coisas, "obrigar (o presidente, Nicolás) Maduro a chegar a um acordo com a oposição" ou "privar o país de sua capacidade de vender petróleo ou ouro por moeda estrangeira".

No âmbito da "hegemonia militar", o relatório elenca os conflitos dos quais os EUA participaram desde sua independência em 1776.

A pasta de Exteriores chinesa destaca que os EUA têm um orçamento militar anual de US$ 700 bilhões, que cobre "40% do total do planeta" e "mais do que a combinação dos 15 países que aparecem logo abaixo".

Os próximos na lista, nesta ordem, são China, Índia, Reino Unido e Rússia, de acordo com o Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI).

O relatório chinês ressalta ainda que a “hegemonia dos EUA em nível econômico” foi alcançada após a criação de diferentes organizações para “formar o sistema monetário internacional em torno do dólar”, que é “a principal fonte de instabilidade e incerteza na economia mundial”.

Da mesma forma, argumenta que durante a pandemia os EUA "injetaram trilhões de dólares no mercado global", o que causou a desvalorização de outras moedas e "um grande número de países em desenvolvimento foi afetado pela alta inflação".

No campo tecnológico, a China enfatiza que os EUA "procuram desencorajar o desenvolvimento científico" de outros países "exercendo monopólio e restrições em campos de alta tecnologia".

Por fim, considera que a "expansão global" da cultura americana é parte essencial de sua "estratégia externa", e insta os EUA a "examinar de forma crítica" suas ações, além de abandonar "a arrogância e o preconceito" e “suas  práticas hegemônicas e de intimidação".

Este relatório é mais um capítulo das divergências entre as duas principais potências, protagonistas de recentes impasses econômicos e diplomáticos em diversas áreas, como a situação em Taiwan ou as sanções comerciais e tecnológicas impostas por ambas.

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