Como era o dinossauro que tinha penas e voava como uma galinha há 150 milhões de anos
Novas análises de fóssil revelam detalhes inéditos sobre como as primeiras aves começaram a voar
Internacional|Do R7

Um fóssil excepcional de Archaeopteryx, um dinossauro com penas, descoberto em calcários de 150 milhões de anos em Solnhofen, na Alemanha, está fornecendo novas pistas sobre como os primeiros pássaros começaram a voar.
Isso porque o exemplar, descoberto em 1861, revela detalhes anatômicos e de tecidos moles que ajudam a explicar as habilidades de voo desse dinossauro, que viveu no período Jurássico.
“Talvez mais do que qualquer outro fóssil, ele mudou a forma como vemos o mundo”, disse Jingmai O’Connor, paleontóloga que liderou as novas análises, ao jornal The New York Times.
Apesar de ter sido descoberto na Alemanha, o fóssil é exposto ao público no Museu Field de História Natural de Chicago, nos Estados Unidos, desde o ano passado. As análises foram publicadas na revista científica Nature na quarta-feira (14).
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Segredos revelados
O fóssil, inicialmente indistinto da rocha ao seu redor, foi analisado com tomografia computadorizada e luz ultravioleta, técnicas que permitiram mapear o esqueleto e identificar restos de tecidos moles, como penas e texturas de pele.
Segundo o The New York Times, os ossos preservados em três dimensões possibilitaram estudar o palato do crânio, que mostra os primeiros sinais de uma trajetória evolutiva rumo aos crânios mais móveis das aves modernas.
Além disso, as asas, separadas do corpo durante a fossilização, revelaram três camadas de penas, uma característica essencial para o voo.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, essas penas terciais, localizadas no osso do braço, criavam uma superfície aerodinâmica contínua, ausente em dinossauros emplumados incapazes de voar.
“O Archaeopteryx não é o primeiro dinossauro a ter penas, nem o primeiro a ter ‘asas’. Mas acreditamos que seja o primeiro capaz de usar suas penas para voar”, disse O’Connor.
A presença de penas assimétricas, semelhantes às das aves modernas, e um osso do braço longo reforçam a capacidade de voo, apesar de limitada.

Voador fraco, mas adaptado ao solo
Apesar das adaptações para o voo, a ausência de um osso esterno (no peito) sugere que o Archaeopteryx era um voador relativamente fraco. “Ele vivia como uma galinha ou um papa-léguas do Jurássico: capaz de voar em curtas distâncias quando necessário, mas preferindo correr”, disse O’Connor.
Pequenas escamas nas almofadas dos pés, identificadas no fóssil, indicam que a espécie era bem adaptada à vida no solo e possivelmente capaz de subir em árvores, de acordo com os pesquisadores.
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