Praça Tahir, símbolo da Primavera Árabe no Egito, foi fechada
Kaled Elfiqhi / EFE-EPA - 27.9.2019As autoridades do Egito desdobraram nesta sexta-feira (27) um forte dispositivo policial no centro do Cairo por conta da convocação de protestos para hoje contra o presidente Abdul Fatah al Sisi, que retornou ao país, uma semana após as primeiras manifestações contra seu governo.
Centenas de membros das forças de segurança e agentes civis impedem o acesso à Praça Tahrir, no centro da capital egípcia, uma cena que há anos que não acontecia no local, como foi constatado pela Agência Efe.
A praça, ícone das revoltas de 2011 que derrubaram o ditador Hosni Mubarak, está totalmente deserta e existem apenas dezenas de veículos blindados, tropas de choque e policiais de diferentes órgãos.
O desdobramento ocorre depois que novos protestos foram convocados para hoje contra o presidente, após uma semana de prisões em massa com quase 1 mil acusados em prisão preventiva por participarem dos atos.
A volta do presidente
Al Sisi, ao desembarcar hoje no Cairo, minimizou a importância das protestos e pediu aos egípcios que não se preocupassem com nada.
"O tema não é para tanto", afirmou o presidente, sorrindo, no início da entrevista, enquanto há pessoas por trás da transmissão de vídeo cantando "Al Sisi, meu presidente".
O empresário e ator egípcio que promoveu os protestos a partir de Barcelona, Mohamed Ali, convocou em um novo vídeo divulgado ontem à noite para manifestações na chamada "sexta-feira da salvação", que começará após a oração muçulmana do meio-dia das mesquitas e igrejas.
As autoridades prenderam e indiciaram quase 1 mil pessoas por sua participação nos protestos da semana passada, os primeiros contra Al Sisi desde 2016, enquanto as ONGs colocam esses números em cerca de 2 mil detidos.