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Equador: indígenas cobram multa de quem se nega a participar de protestos contra o governo

Grupo que lidera manifestações exige que o presidente Guillermo Lasso reduza o preço dos combustíveis no país

Internacional|Do R7

Milhares de pessoas se reúnem nas ruas para protestar contra governo de Lasso
Milhares de pessoas se reúnem nas ruas para protestar contra governo de Lasso Milhares de pessoas se reúnem nas ruas para protestar contra governo de Lasso

O Equador enfrenta grandes manifestações contra o governo do presidente Guillermo Lasso há 10 dias. A mobilização pelas ruas de diversas cidades tem como uma de suas principais reivindicações a redução do preço dos combustíveis e está sendo liderada pela Conaie (Confederação de Nacionalidades Indígenas)

Em menos de um ano, o país teve grandes aumentos no valor dos combustíveis e já registra uma subida de 90% no preço cobrado pelo litro do diesel, usado principalmente para abastecer caminhões, ônibus e tratores. 

O professor Fábio Borges, da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-americana), explica ao R7 que a comunidade indígena equatoriana é bem organizada e pode levar o país, inclusive, a um golpe de Estado contra o governo de Guillermo Lasso.

“Lasso é um presidente de direita e que conseguiu, pelo menos, a neutralidade da Conaie nas eleições de um ano atrás. Na minha opinião, um erro dos indígenas, pois, apesar de os concorrentes terem decepcionado os indígenas, pelo menos eram mais sensíveis a temas sociais.

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O professor explica o motivo da instabilidade do país latino-americano. "Era certeza que daria problema. Com a pandemia, crise na Ucrânia e volta da fome e inflação, há risco de não haver saída para esse conflito e culminar em um golpe de Estado.”

Corte de serviços ou multa

Estradas foram bloqueadas com caminhões e outros obstáculos, como pedras e pneus
Estradas foram bloqueadas com caminhões e outros obstáculos, como pedras e pneus Estradas foram bloqueadas com caminhões e outros obstáculos, como pedras e pneus

Uma brasileira que vive em Otalvo conta, em entrevista exclusiva ao R7,que foi obrigada por indígenas a participar dos protestos que acontecem no país. Segundo a fonte, que pediu para não ter a identidade revelada, os manifestantes ameaçam os moradores da cidade com multas, corte do fornecimento de luz e água, e até colocação de barricadas em frente à garagem das casas para impedir a saída de carros e motos.

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A brasileira afirma que foi aos protestos em duas oportunidades por medo de represália dos grupos indígenas. No entanto, nos outros dias ela preferiu pagar a multa de 20 dólares (R$ 103) imposta por uma mulher apelidada de “Presidenta”.

“Desde quando começou essa greve, tenho três opções: ir para o local de protestos, ficar sem água e luz ou pagar 20 dólares de multa. Eles alegam que fazem isso para o nosso bem, para quando o helicóptero passar, ter muita gente na rua.”

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Casada com um equatoriano, a brasileira conta que uma de suas filhas foi internada com pneumonia e agora está em casa terminando o tratamento. Apesar disso, os manifestantes exigem que ela compareça aos protestos ou pague a multa.

“Passei seis dias internada com ela, tenho receita, laudo e tudo. Mas eles não se importam. Acho isso injusto, ser obrigada a lutar, a sair, a fazer coisas contra a minha vontade.”

“Eles querem que o governo abaixe o preço dos combustíveis, ameaçam parar o país interditando estradas e conseguem fazer. O governo já decretou Estado de exceção. Teremos vítimas e o problema vai piorar”, conclui.

Relatos no Twitter

Relatos parecidos com o da brasileira circulam pelas redes sociais. Equatorianos contam que foram extorquidos por pessoas supostamente ligadas aos protestos e que a Conaie deseja invadir estações de tratamento de água e geração de energia elétrica.

A Conaie usou o perfil oficial no Twitter para pedir aos manifestantes que não promovam protestos violentos, o que os igualaria ao governo de Lasso.

“Com consciência coletiva, defendamos os pontos da agenda legítima de protesto. O governo impõe a repressão, não vamos cair no jogo da violência, não vamos gerar nenhum vandalismo ou caos. Vamos demonstrar a organização do Movimento Indígena.”

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