O documento foi divulgado nesta sexta-feira
ReutersO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, liberou nesta sexta-feira (2) a divulgação de um documento até então ultrassecreto, na tentativa de provar que o FBI o investiga por razões políticas.
O memorando, elaborado pelo presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Devin Nunes, afirma que no ano de 2016 o FBI teria investigado Chris Page, então colaborador da campanha presidencial de Trump, com base em informações fornecidas por um ex-espião britânico que estaria a serviço do Partido Democrata, de Hillary Clinton.
A divulgação coloca ainda mais lenha na fogueira da política norte-americana. Durante a semana, o FBI solicitou diversas vezes que o documento não fosse levado a público da maneira que estava escrito, porque poderia expôr métodos e agentes da instituição, comprometendo a segurança nacional.
Para os democratas, é uma tentativa do presidente de destruir a credibilidade do FBI, que no momento o investiga por suspeita de receber ajuda da Rússia durante a campanha eleitoral de 2016. As informações são do The New York Times.
Segundo o memorando feito por Devin Nunes, para poder colocar Chris Page sob vigilância, o FBI apresentou um dossiê compilado pelo ex-espião britânico Christopher Steele para a justiça. Ele afirma que o dossiê continha uma reportagem sobre uma viagem de Page à Rússia, mas que o jornalista tinha publicado informações fornecidas pelo próprio Steele.
Steele atualmente trabalha como consultor para uma empresa de inteligência que seria financiada pelo Partido Democrata.
Mais cedo, Donald Trump usou mais uma vez seu perfil no Twitter para atacar seus opositores, afirmando que "o FBI politizou investigações em favor dos democratas" e que "muitas pessoas deveriam se envergonhar de si mesmas".
Em nota oficial, o FBI afirmou que tinha "graves preocupações" com a divulgação do memorando de Nunes, alegando que o documento continha diversas informações incompletas, o que comprometia sua veracidade. A associação dos agentes do FBI também divulgou nota lamentando a divulgação.
A agência, assim como o Departamento de Justiça, solicitou a Trump a chance de revisar o documento antes da divulgação, mas não foi atendida. O Comitê de Inteligência também divulgou o memorando sem fornecer as provas nas quais ele seria baseado.
A tendência agora é que o diretor do FBI, Christopher Wray, que havia sido indicado pessoalmente por Trump, peça demissão. A imprensa norte-americana relata que ele passou a semana buscando apoio para bloquear a divulgação, que ele chamou de "extraordinariamente descuidada".