Usina ucraniana ficou famosa após desastre nuclear na década de 1980
Sergei Supinsky/AFP - 13.4.2020Os Estados Unidos se declararam "indignados" nesta quinta-feira (24) com "informações confiáveis" de que o exército da Rússia sequestrou trabalhadores da antiga usina nuclear de Chernobyl, capturada hoje pelas forças russas.
"Esta tomada de reféns ilegal e perigosa que pode acabar com os serviços civis de rotina necessários para manter e proteger as instalações de resíduos nucleares é obviamente muito alarmante", disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, em entrevista coletiva.
Segundo Psaki, os Estados Unidos condenam essa situação e exigem a liberação desses trabalhadores da usina, onde em 1986 ocorreu o maior acidente nuclear da história. O exército russo ocupou Chernobyl nesta quinta-feira após intensos combates contra as Forças Armadas ucranianas.
"Depois de uma batalha sangrenta, perdemos o controle de Chernobyl", afirmou o assessor da presidência ucraniana, Mikhail Podoliak, citado pela agência UNIAN. De acordo com ele, as autoridades não têm informações sobre "o estado das instalações da antiga central nuclear de Chernobyl, do sarcófago e do depósito de resíduos nucleares".
"Depois desse ataque absolutamente irracional dos russos nessa direção, não podemos garantir que a usina nuclear de Chernobyl seja segura", ressaltou, acrescentando que essa "é uma das maiores ameaças que a Europa enfrenta no momento".
Nesta mesma quinta-feira, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, alertou que a incursão russa na zona de exclusão da usina nuclear de Chernobyl é "uma declaração de guerra contra toda a Europa".
Anton Gueraschenko, assessor do Ministério do Interior ucraniano, alertou que, se os depósitos com restos radioativos armazenados em Chernobyl forem danificados, "a poeira nuclear pode se espalhar por todo o território de Ucrânia, Belarus e países da União Europeia".
A zona de exclusão de Chernobyl, separada do território bielorrusso pelo rio Pripyat, que dá nome à cidade onde viviam os trabalhadores da fábrica soviética, é patrulhada há semanas pela Guarda Nacional Ucraniana.
Um sarcófago de fabricação francesa agora cobre o quarto reator nuclear danificado que espalhou até 200 toneladas de material com uma radioatividade de 50 milhões de curies, equivalente a 500 bombas atômicas como a lançada em Hiroshima.