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Nesta semana, o Brexit — processo de divórcio do Reino Unido da União Europeia — sofreu uma nova reviravolta quando a primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou o cancelamento de uma votação crucial no Parlamento a respeito da separação. A decisão de May é apenas mais um capítulo em uma história cheia de controvérsias que se desenrola desde 2013
REUTERS/Henry Nicholls/28.11.2018
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As conversas sobre a separação do Reino Unido da União Europeia remontam a 2013, quando o então primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse em um pronunciamento que realizaria um referendo sobre o futuro da relação com o bloco europeu caso seu Partido Conservador fosse reeleito com um governo de maioria
Leia mais: Brexit: ser ou não ser europeu é questão que assombra britânicosREUTERS/Jason Lee/Pool/10.12.2018
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Em 22 de fevereiro de 2016, David Cameron, já em seu segundo mandato, anunciou o referendo sobre uma possível saída do Reino Unido da UE. Apesar da intensa campanha do então premiê contra a proposta de separação, 51.9% dos britânicos votaram para sair do bloco no dia 23 de junho de 2016
REUTERS/Jon Nazca/22.11.2018
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Logo após o referendo, em 24 de junho de 2016, David Cameron renunciou ao cargo de primeiro-ministro. “Ele sempre fez campanha pela permanência no bloco. Tanto que, antes de convocar a consulta popular, ele já havia negociado um status especial para o Reino Unido dentro da UE", pontua Angélica Szucko, professora de Relações Internacionais na UFG (Universidade Federal de Goiás)
Veja também: Jovem britânica encarna super-heroína para lutar por fim do BrexitREUTERS/Henry Nicholls/17.07.2018
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A substituta de Cameron, Theresa May, assumiu em 13 de julho de 2016: “Theresa May era do gabinete de David Cameron e também fazia campanha contra a separação da Europa. Mas, desde que subiu ao cargo, adotou um discurso de que fará cumprir vontade popular e persistir em negociações para finalizar um acordo”, acrescenta a especialista
Toby Melville/Reuters - 6.12.2018
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Em 29 de março de 2017, a premiê Theresa May acionou o Artigo 50 do Tratado de Lisboa — que prevê um prazo de dois anos para a negociação da saída de um Estado-membro da União Europeia
Parbul TV/Handout via Reuters/29.11.2018
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Afim de aumentar sua maioria no Parlamento britânico e se fortalecer para as negociações do Brexit que se seguiriam, Theresa May também convocou eleições antecipadas no dia 18 de abril de 2017. A votação ficou marcada para junho do mesmo ano
REUTERS/Dylan Martinez/09.12.2018
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Em 8 de junho de 2017, May sofreu um revés nas urnas e seu partido, o Conservador, não conseguiu manter maioria absoluta no Parlamento. “Ela precisou buscar uma aliança com o Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte, que havia conquistado dez cadeiras no Parlamento, e acabou por formar um governo de coalizão”, lembra Angélica Szucko
Henry Nicholls/Reuters - 3.12.2018
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Já em 13 dezembro de 2017, rebeldes do partido de Theresa May se uniram à oposição no Parlamento para forçar mudanças na legislação que regeria a saída do Reino Unido do bloco europeu. Os acordos sobre os países na fronteira — Irlanda, Irlanda do Norte e Escócia — foram os maiores pontos de discórdia
REUTERS/Clodagh Kilcoyne/10.12.2018
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Em 15 de dezembro de 2017, líderes da EU deram a autorização para a abertura da segunda fase de negociações do Brexit, focando no período de transição e nos futuros laços comerciais entre o bloco e o Reino Unido
REUTERS/Rebecca Naden/27.11.2018
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O Reino Unido e a União Europeia fizeram avanços significativos nas negociações para o Brexit até março de 2018: as partes concordaram em relação às datas para a transição após março de 2019, ao estatuto dos cidadãos da UE no Reino Unido antes e depois desse período e à política de pesca na região. A questão da fronteira da Irlanda do Norte, entretanto, permanecia sob impasse
REUTERS/Carlos Garcia Rawlins/01.12.2018
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A premiê May sofreu um novo revés quando o principal secretário britânico para o Brexit, David Davis, renunciou ao cargo no dia 8 de julho de 2018. A decisão de Davis veio dias depois de o governo do Reino Unido chegar a um consenso com a União Europeia sobre um plano para os futuros laços econômicos entre as partes
REUTERS/Henry Nicholls/20.11.2018
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Em 13 de novembro de 2018, o Reino Unido e a União Europeia conseguiram chegar a um acordo sobre o esboço para o Brexit. May convocou uma reunião especial do gabinete para avaliar a versão preliminar do tratado, redigida pelos negociadores técnicos após reuniões realizadas com representantes da UE
REUTERS/Phil Noble/10.12.2018
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O principal secretário britânico para o Brexit, Dominic Raab, foi o segundo a anunciar sua renúncia ao cargo em 15 de novembro de 2018 — dois dias após a aprovação do esboço para a saída do Reino Unido da União Europeia. Em comunicado, Raab afirmou que não poderia, “em sã consciência, apoiar os termos propostos para o acordo com a UE”
REUTERS/Peter Nicholls/File Photo/23.08.2018
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Após dias de impasse envolvendo a questão de Gibraltar — enclave britânico na Península Ibérica —, todos os 27 líderes da União Europeia assinaram no dia 25 de novembro de 2018 o acordo do Brexit durante uma cúpula especial em Bruxelas, na Bélgica. Na véspera do encontro, a premiê britânica havia publicado uma carta aberta à população do Reino Unido pedindo ao público que apoiasse o tratado
Olivier Hoslet/Pool via REUTERS/27.11.2018
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Em 10 de dezembro de 2018, no mesmo dia em que o Tribunal Europeu de Justiça (ECJ, na sigla em inglês) determinou que o governo britânico pode reverter a decisão de deixar a UE sem consultar os demais Estados-membros do bloco, Theresa May anunciou o cancelamento da votação sobre o Brexit que ocorreria no Parlamento do Reino Unido na terça-feira (11)
Parliament TV handout via REUTERS/10.12.2018
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Sem uma nova data para a votação na Casa dos Comuns definida, o cenário de incerteza se arrasta no Reino Unido: “Theresa May pode ser derrotada no Parlamento quando a nova votação for marcada, pode ainda sofrer um voto de desconfiança instituído pelo seu próprio partido, renunciar ao cargo ou mesmo convocar um novo referendo”, pondera Angélica Szucko. Qualquer que seja o desfecho, tanto aqueles que votaram pela permanência na UE como os que preferem deixar o bloco seguirão insatisfeitos
Toby Melville/reuters - 10.12.2018