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A rainha Elizabeth 2ª completa 70 anos de reinado, o mais longo na história do Reino Unido, nesta quinta-feira (2). A monarca se tornou um grande símbolo da família real e em meio a tantos anos à frente do trono, seu reinado trouxe grandes mudanças para a monarquia britânica, muitas delas para acompanhar os avanços da sociedade
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Coroação televisionada
Para Astrid Beatriz Bodstein, historiadora, criadora do perfil @royaltyandprotocol e também consultora em gestão de pessoas, etiqueta, boas maneiras e protocolo, o grande marco da mudança de comportamento da família real acontece com a decisão de televisionar a coroação da rainha Elizabeth 2ª
“Até então, essa era uma cerimônia extremamente sagrada e para poucas pessoas. Quando decide televisionar a coroação, a família real abre esse momento para o mundo em um processo de aproximação da monarquia do público, durante um momento pós Primeira e Segunda Guerra Mundial.” -
Aproximação dos súditos
“Tradicionalmente os membros da família real eram ensinados a ter um comportamento distante dos súditos, mas de acordo com a demanda do público esses comportamentos começaram a mudar”, explica Astrid
A rainha Elizabeth 2ª e seus familiares começaram a conversar com o público e demonstrar afeto com os súditos. No mês passado, durante visita à Escócia, o príncipe William quebrou um protocolo ao abraçar um idoso que se emocionou ao conhecê-lo -
A princesa Diana também foi um grande símbolo dessa aproximação da família real com os súditos e costumava interagir com as pessoas que esperavam sua passagem ao chegar ou sair de seus compromissos
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'Se permitir chorar'
“Estamos no século 21, as pessoas querem ver a rainha demonstrar emoções”, aponta a especialista. “A rainha é de uma geração da família real que foi educada para não chorar em público, mas se permitiu chorar durante o serviço fúnebre em memória do príncipe Philip." -
Quando a princesa Diana morreu após um acidente de carro, em 1997, a monarca também se viu no dever de manifestar seus sentimentos em um pronunciamento televisivo, diante da comoção nacional pela perda da “princesa do povo”
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Reverência
A historiadora explica que também ocorreram mudanças em questões protocolares. “Atualmente, não é obrigatório a reverência protocolar diante dos membros da realeza, ela ocorre como sugestão”, explica.
Para ela, a mudança ocorre à medida que a sociedade discute cada vez mais a noção de igualitarismo -
Casamento entre divorciados
A aceitação do casamento de membros da realeza com pessoas divorciadas ocorreu como consequência do divórcio da princesa Margaret, irmã da rainha Elizabeth 2ª, o primeiro que ocorreu na família real.
O príncipe Charles, o primeiro na linha de sucessão, se divorciou da princesa Diana em 1996. Ele se casou novamente com Camilla Parker Bowles em 2005, que também era divorciada -
Outro exemplo é o casamento do príncipe Harry com Meghan Markle, que se divorciou do primeiro marido em 2013
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Quarta na linha de sucessão
A princesa Charlotte, segunda filha do príncipe William e de Kate Middleton, protagonizou um acontecimento importante na família real. Mesmo com o nascimento de seu irmão mais novo Louis, ela permanece sendo a quarta na linha de sucessão ao trono.
Historicamente, as mulheres da realeza apareciam após os homens da família na fila ao trono, independente de suas idades. A regra mudou em 2013, com a aprovação de novas emendas ao Ato de Sucessão à Coroa -
Falar sobre tabus
Acompanhando as mudanças devido aos avanços da sociedade, os membros da família real passaram a falar sobre temas que antes eram tabu e em que não se envolviam.
Os príncipes William e Harry e Kate Middleton lançaram a campanha “heads together” (cabeças juntas, em inglês), que pretende diminuir o estigma em relação à saúde mental -
A família real também se aproximou da comunidade LGBT. Em 2016, o príncipe William foi o primeiro membro da família real a aparecer na capa de uma revista voltada ao público, quando fez parte de uma edição da revista “Attitude”