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As cenas de desespero registradas ao longo da segunda metade de agosto resumem o que foi o ano de 2021 para o Afeganistão: o caos deixado pela retirada de tropas dos EUA e aliados da Otan que ocupavam o país havia quase 20 anos e a vontade de muitos afegãos de partir, com a vitória surpreendentemente rápida do Talibã contra o governo local
EFE/EPA/AKHTER GULFAM
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Foi o fim da guerra mais longa da história dos EUA. Desde dezembro de 2001, tropas americanas e da Otan ocupavam o país. A invasão ocorreu porque o governo afegão, então controlado pelo Talibã, se recusou a entregar o terrorista saudita Osama bin Laden, autor intelectual dos ataques de 11 de setembro daquele ano
Patrick BAZ / AFP
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Ao longo do conflito, mais de 100 mil civis afegãos perderam a vida. A estimativa é que os EUA tenham gastado cerca de US$ 2 trilhões (em torno de R$ 11 trilhões)
Marinha dos EUA / Divulgação via Reuters - 28.8.2021
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Em fevereiro de 2020, o então presidente americano Donald Trump firmou um acordo com o Talibã para encerrar a guerra e dar início à retirada das tropas americanas
WAKIL KOHSAR / AFP
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O acordo previa, além da retirada dos soldados até 31 de maio deste ano, a libertação de mais de 5 mil talibãs que estavam presos pelo governo afegão. Essa medida se mostraria fatal pelo reforço que daria ao grupo. Após assumir o governo, em janeiro de 2021, Biden alterou o prazo para 31 de agosto
Hoshang Hashimi/AFP – 07.09.2021
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Conforme o número de soldados estrangeiros foi diminuindo, o Talibã foi ganhando força. Devido ao acordo, não houve enfrentamentos com as tropas em retirada, mas posições do governo afegão foram ficando enfraquecidas e receberam ataques
AFP - 18.09.2021
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Em maio, os EUA deram início à última fase da retirada. Em 2 de julho, as tropas americanas e da Otan abandonaram definitivamente a base aérea de Bagram, o principal centro de operações da guerra. Era de lá que saíam os bombardeios contra os talibãs e seus aliados da Al-Qaeda e onde era organizado o abastecimento das tropas
Zakeria Hashimi / AFP - 2.7.2021
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Segundo os cálculos do Pentágono, o Exército afegão seria capaz de resistir ao Talibã por cerca de um ano e meio a dois anos após a retirada. Tinha um contingente de mais de 300 mil soldados treinados ao longo de anos e com equipamentos modernos
WAKIL KOHSAR / AFP
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No entanto, conforme o Talibã avançava pelas cidades do interior, foi tomando a maior parte do território afegão praticamente sem resistência. Muitos líderes locais e tropas se entregavam e mudavam de lado, como muitos tinham feito para o lado contrário durante a invasão americana, em 2001
Wakil Kohsar/AFP - 03.11.2021
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Em 15 de agosto, com a capital, Cabul, prestes a ser tomada pelas forças talibãs, o governo do presidente Ashraf Ghani derreteu. O mandatário e seus principais aliados fugiram de avião para os Emirados Árabes e a capital caiu
AFP - 19.09.2021
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Apenas o aeroporto internacional de Cabul e seus arredores permaneciam sob controle das tropas americanas. Nas últimas duas semanas de agosto, houve uma gigantesca operação de retirada no local
Donald R. Allen / Força Aérea dos EUA via AFP - 25.8.2021
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Durante o período de retirada, um atentado terrorista matou ao menos 85 pessoas, inclusive 13 soldados americanos, em uma das entradas do aeroporto. Dias depois, um ataque com drone deixou dez pessoas da mesma família, sete delas crianças, mortas em uma casa próxima ao local. Os EUA alegaram que atacavam alvos do Estado Islâmico-K, braço do grupo terrorista que atua na região e que havia cometido o atentado
Omar Haidari/via Reuters - 19.8.2021
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No fim, mais de 100 mil pessoas, entre civis, pessoal diplomático e militares, afegãos, americanos e membros de países aliados, deixaram o país em centenas de voos. A maior retirada da história foi concluída na madrugada do dia 30 de agosto
GIUSEPPE CACACE / AFP
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Após a saída dos americanos, o Talibã tomou o controle inquestionável de praticamente todo o território afegão. Imediatamente, a população, especialmente as mulheres, passou a sentir o peso da mudança
Reuters - 04.10.2021
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Escolas foram fechadas, mulheres que se destacaram durante a presença americana foram perseguidas e muitas agora têm receio de deixar suas casas por medo de sofrer represálias
Hector Retamal/AFP - 13.11.2021