Israel vivia nesta quinta-feira (13) uma escalada da violência em duas frentes, com a intensificação dos bombardeios na Faixa de Gaza e os distúrbios nas cidades habitadas por judeus e árabes em seu território.
Pouco depois da meia-noite, os alertas de foguetes foram acionados, no sul do país e na metrópole Tel Aviv, pela primeira vez desde o início da escalada na segunda-feira, assim como na região norte. Todos os voos com destino ao aeroporto internacional de Tel Aviv foram desviados até novo aviso.
Durante a madrugada, cinco pessoas ficaram feridas na explosão de um projétil que caiu em um complexo residencial de Petaj Tikva, perto de Tel Aviv.
Ao mesmo tempo, a aviação israelense bombardeou posições do Hamas na Faixa de Gaza - território palestino com 2 milhões de habitantes sob bloqueio de Israel -, incluindo locais relacionados com operações de "contraespionagem" do grupo islamita e a residência de Iyad Tayeb, um dos comandantes do movimento.
O grupo islamita anunciou, na quarta-feira, a morte do comandante de seu braço militar para a cidade de Gaza, a principal do território palestino. O serviço de inteligência israelense informou que outros dirigentes do Hamas morreram nos bombardeios.
A aviação israelense destruiu um edifício de mais de 10 andares que abrigava os escritórios da rede de televisão palestina Al Aqsa, criada pelo Hamas.
O balanço mais recente do conflito registra 83 mortes em Gaza, incluindo 17 menores de idade, e quase 500 feridos.
"Em represália pelo ataque contra a torre Al Shoruk e a morte de um grupo de dirigentes", o Hamas lançou na quarta-feira à noite mais de 100 foguetes contra Israel. Muitos foram interceptados pelo sistema antimísseis Cúpula de Ferro.
Desde o início da semana, Israel foi alvo de mais de 1.500 projéteis, que deixaram 7 mortos, incluindo um menino de 6 anos, e centenas de feridos em pouco mais de dois dias.
Com a intensificação dos combates, o Conselho de Segurança da ONU terá uma nova reunião na sexta-feira (14), a terceira em uma semana.
Durante as duas primeiras videoconferências, os representantes dos Estados Unidos não aceitaram uma declaração conjunta para pedir o fim dos confrontos, por considerá-la "contraprodutiva" neste momento, segundo fontes diplomáticas.
Washington, no entanto, anunciou o envio de um emissário a Israel e aos Territórios Palestinos ocupados para estimular uma "desescalada", enquanto Moscou pediu uma reunião do Quarteto para o Oriente Médio (UE, Rússia, EUA, ONU).
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que conversou por telefone com o presidente americano, Joe Biden, disse que pretende "seguir" bombardeando para enfraquecer a capacidade militar do Hamas.
O presidente palestino, Mahmud Abbas, que está na Cisjordânia, cenário de protestos, distúrbios e ataques contra as forças israelenses que deixaram 3 mortos na terça-feira, conversou com o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, para pedir que ajude a obter o "fim dos ataques israelenses".
Blinken expressou a "necessidade de acabar com os ataques de foguetes e reduzir as tensões".
A situação na Esplanada das Mesquitas, onde a violência começou na semana passada, parecia mais calma nesta quinta-feira, mas várias cidades de Israel registram distúrbios noturnos.
Militantes de extrema-direita saíram às ruas em todo o país e provocaram confrontos com as forças de segurança e, em alguns casos, com árabes-israelenses. Incidentes violentos foram registrados em várias cidades, em particular, Lod, Acre e Haifa.
O país ficou abalado com a transmissão, ao vivo pela televisão, do linchamento de um homem, considerado árabe por seus agressores, perto de Tel Aviv.
As imagens mostram um homem que foi retirado à força de seu veículo e chutado no chão por uma multidão, até perder a consciência.
"O que está acontecendo nos últimos dias nas cidades de Israel é insuportável [...] nada justifica este linchamento de árabes pelos judeus e nada justifica o linchamento de judeus pelos árabes", declarou Benjamin Netanyahu, antes de afirmar que Israel enfrenta um "combate em duas frentes".