Os representantes dos governos em conflito na Líbia, reunidos na Tunísia, concordaram em convocar eleições em 24 de dezembro de 2021 para coincidir com o 70º aniversário da declaração de independência da nação africana, anunciou nesta sexta-feira (13) a representante das Nações Unidas para o país, Stephanie Williams.
"Os 75 participantes deste fórum decidiram que as eleições nacionais com base constitucional serão realizadas em 24 de dezembro de 2021, ou seja, 70 anos após a declaração de independência da Líbia", declarou Williams em uma teleconferência, enfatizando que o país tem uma "oportunidade de ouro" para avançar.
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Na última quarta-feira (11), representantes concordaram, no roteiro apresentado pela ONU, com a criação de um novo governo de unidade nacional e com a realização de eleições legislativas e presidenciais dentro de pelo menos 18 meses, mas não haviam adiantado uma data específica.
"É um dia simbólico, é uma data muito importante para os líbios, mas também acredito que seja uma data realmente crítica na história da Líbia, pois será uma ocasião para eles elegerem democraticamente seus líderes e renovarem realmente a legitimidade de suas instituições", destacou a diplomata, que garantiu que as Nações Unidas continuarão trabalhando para facilitar a realização do pleito.
Acordo sem governo não reconhecido
Para Williams, uma das principais razões pelas quais um acordo foi obtido é que os líbios disseram "basta", em meio a condições socioeconômicas deterioradas a níveis alarmantes e agravadas pela crise causada pela pandemia do coronavírus.
"Estamos no início de um processo que está avançando e levará tempo, mas vem ocorrendo um progresso bastante bom e certamente muita boa vontade em torno da mesa aqui (na Tunísia), onde há pessoas que não falam umas com as outras há anos", acrescentou.
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O representante da ONU ressaltou que a realização dessas eleições requer a criação de um novo governo para unificar o país, o que significa estabelecer um "novo e reformado conselho presidencial e um executivo efetivo e unificado de unidade nacional".
As negociações que ocorreram na Tunísia não contaram com a presença nem do chefe do Conselho Presidencial do Governo do Acordo Nacional (GNA), apoiado pela ONU, Fayez al-Sarraj, nem do líder rebelde Marechal Khalifa Hafter.
Turquia e Rússia, principais apoiadores do GNA e do governo não reconhecido, respectivamente, receberam friamente o acordo preliminar obtido na Tunísia. O anúncio do acerto coincidiu com uma reunião do chamado comitê militar 5+5 na cidade líbia de Sirte para assegurar que os militares das partes contrárias respeitem a trégua acordada há três semanas.