Os chanceleres da Venezuela, Elias Jaua, e do Uruguai, Luis Almagro, disseram na última quinta-feira (11) que os presidentes dos países do Mercosul irão emitir uma declaração sobre denúncias de espionagem, direito a asilo e o incidente envolvendo o avião do presidente da Bolívia, Evo Morales.
O Mercosul deverá produzir oficialmente nesta sexta-feira (12) "uma resolução" sobre espionagem, asilo político e sobre a "ofensa" ao presidente boliviano para quem países europeus fecharam o espaço aéreo na semana passada, disse o chanceler venezuelano cujo país assumirá pela primeira vez a presidência pró-tempore do bloco.
"Há três sólidas propostas de resolução" que serão apresentadas na sexta-feira para que os presidentes avaliem, disse Jaua.
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Em primeiro lugar, "uma proposta de condenação à agressão e ao atentado contra a vida do presidente Evo Morales, quando seu avião foi proibido de entrar no espaço aéreo de alguns países da Europa", afirmou.
O segundo ponto será uma "resolução reivindicando o direito que têm os cidadãos de solicitar asilo e o dever e o direito que têm os Estados de concedê-lo sem que sejam alvos de repressão ou de ameaças de qualquer tipo por parte de terceiros Estados", acrescentou.
Finalmente, será proposta a "condenação do sistema de vigilância e controle global que o governo dos Estados Unidos está desenvolvendo, vulnerando a privacidade dos cidadãos e a soberania dos países".
Na última quinta-feira (11), o chanceler uruguaio disse ainda que durante o almoço dos ministros falou-se sobre "a espionagem no continente" e "assuntos relacionados à possibilidade de direito de asilo".
"Temos considerado até o momento que as explicações ou as desculpas que os países europeus nos deram pelo caso do presidente Morales são insuficientes", enfatizou o anfitrião.
Num encontro paralelo às reuniões do Mercosul, o secretário-geral da Aladi (Associação Latino-americana de Integração), Carlos Alvarez, se solidarizou com a Bolívia pela "humilhação" sofrida por Morales, durante uma cerimônia para o fechamento de acordos na presença dos chanceleres da Bolívia, David Choquehuanca, e da Venezuela, Elías Jaua.
O chanceler boliviano agradeceu o gesto e pediu a articulação de um "movimento mundial para defender as soberanias, para defender os direitos humanos".
Venezuela ofereceu asilo político a Snowden, que deixou os Estados Unidos após revelar programas de espionagem massivos por parte dos Estados Unidos a vários de seus parceiros europeus. As denúncias de Snowden também envolvem países da América do Sul, como o Brasil, maior membro do Mercosul.
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Segundo o Uruguai, o bloco também discutirá a "adesão da Bolívia" e em particular no "prazo de quatro anos" para formalizar o ingresso do país andino.
As negociações de livre-comércio com a União Europeia — estancadas — também estarão na ordem do dia de presidentes e chanceleres, informou o anfitrião Almagro.
Paraguai
O Mercosul deverá ainda anunciar nesta sexta-feira (12) a um acordo sobre o retorno do Paraguai.
"Falamos sobre temas relacionados obviamente à reincorporação do Paraguai", disse o chanceler uruguaio, Luís Almagro, ao final de um almoço, na última quinta-feira (11), com seus pares do Mercosul.
"Existe uma grande disposição de todos os membros do bloco para que cheguemos a um entendimento até 15 de agosto", quando o presidente eleito do Paraguai, Horácio Cartes, tomará posse.
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O uruguaio disse ainda que serão dadas ao Paraguai "todas as garantias da disposição dos integrantes" do bloco, formado por Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela. O Paraguai — suspenso do grupo após a manobra política que destituiu o presidente Fernando Lugo em junho de 2012 — não participa da cúpula em Montevidéu.
Tanto Cartes quanto o governo paraguaio afirmaram esta semana que o Paraguai não retornará ao bloco caso a Venezuela assuma a presidência rotativa do organismo, o que está previsto para ocorrer nesta sexta-feira, quando os presidentes se reunirão na capital uruguaia.
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