Mianmar destruiu vilas de rohingyas após "faxina étnica", diz ONG
Human Rights Watch afirma que demolições no Estado de Rakhine podem ter destruído indícios de atrocidades cometidas por tropas de Mianmar
Internacional|Do R7
Mianmar demoliu ao menos 55 vilarejos de onde expulsou moradores muçulmanos rohingyas durante episódios de violência iniciados no ano passado, denunciou o grupo Human Rights Watch nesta sexta-feira (23), citando uma análise de novas imagens de satélite.
A entidade disse que as demolições na parte norte do Estado de Rakhine podem ter destruído indícios de atrocidades cometidas por tropas que percorreram vilarejos depois que insurgentes rohingyas atacaram 30 postos policiais e uma base do Exército em 25 de agosto.
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A reação militar aos ataques de agosto levou 688 mil pessoas a fugirem pela fronteira com Bangladesh, muitas delas relatando assassinatos, estupros e incêndios criminosos levados a cabo por soldados e policiais de Mianmar.
As descobertas do grupo de direitos humanos sediado em Nova York foram publicadas depois que Mianmar fez um acordo de ajuda humanitária com a ONU (Organização das Nações Unidas) e o Japão, sinal de uma mudança nas relações tensionadas entre o governo e a ONU.
A ONU e os Estados Unidos pediram o fim do que foi descrito como "faxina étnica" dos rohingyas, mas o governo de Aung San Suu Kyi, ganhadora do prêmio Nobel da Paz, impediu o acesso de investigadores da ONU e de monitores independentes à zona de conflito.
Mianmar diz que suas forças estão envolvidas em uma campanha legítima contra "terroristas" muçulmanos.
A Human Rights Watch disse que um total de 362 vilarejos foram parcial ou completamente destruídos desde agosto. Desde o final do ano passado, alguns destes vilarejos — e ao menos dois assentamentos antes intactos – foram arrasados, afirmou.
"Muitos destes vilarejos foram cenários de atrocidades contra rohingyas e deveriam ser preservados para que os especialistas indicados pela ONU para documentar estes abusos possam avaliar adequadamente os indícios para identificar os responsáveis", disse Brad Adams, diretor da Human Rights Watch para a Ásia.
"Demolir estas áreas ameaça apagar tanto a lembrança quanto as reivindicações legais dos rohingyas que moravam ali".
A Human Rights Watch disse que uma série de imagens feitas por satélite mostrou que dois vilarejos da área chamados Myin Hlut não foram danificados pelo fogo e que "provavelmente eram habitáveis" antes de serem "destruídos e aplainados por maquinário pesado" entre 9 de janeiro e 13 de fevereiro.
O porta-voz governamental Zaw Htay não estava disponível de imediato para comentar.