Escoltada por agentes federais, Ruby Bridges deixa a escola em novembro de 1960
Reprodução / InstagramA cena se tornou icônica na luta por direitos civis da população negra nos EUA. Uma menina de 6 anos desce as escadas de uma escola, escoltada por 4 agentes federais. Ruby Bridges foi a primeira criança afro-americana a ser matriculada em uma escola até então reservada para brancos no país, há 60 anos.
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Na última terça-feira (10), a mãe de Ruby, Lucille Bridges, morreu aos 86 anos. A filha entrou para a história ao aparecer naquela foto em 14 de novembro de 1960, mas a imagem não teria sido possível sem o empenho e a luta de Lucille para que a filha finalmente pudesse estudar na escola William Frantz, em Nova Orleans.
"Hoje o país perdeu uma heroína", escreveu Ruby em uma homenagem publicada no Instagram. "Ela ajudou a alterar o rumo de tantas vidas me colocando no caminho certo quando era uma menina de 6 anos. Nossa nação perdeu uma das mães do movimento dos direitos civis".
Lucille matriculou Ruby na escola em Nova Orleans, até então reservada para estudantes brancos, apoiada em uma decisão da Suprema Corte, que havia tornado ilegal a segregação no sistema de ensino. Ela foi uma das 5 crianças negras aprovadas em um teste aplicado pela cidade, e o início da vida escolar foi turbulento e repleto de ameaças.
Já no primeiro dia, uma multidão esperava mãe e filha na porta da William Frantz. Os manifestantes cantavam músicas contra a integração e dois policiais chegaram a tentar impedir a entrada de Ruby e Lucille no prédio do colégio.
Durante mais de um ano, a mãe levou a filha para a escola todos os dias, temendo que algo pudesse acontecer no caminho. Ruby só podia comer a comida que levava de casa, porque durante meses uma mulher fez ameaças seguidas, dizendo que iria envenenar a merenda da menina.
"Ela era muito determinada e levava a educação muito a sério. Acho que é porque era algo que nem ela nem meu pai puderam ter. E era isso que ela queria para seus filhos, uma vida melhor", disse Ruby, hoje uma respeitada ativista do movimento negro, em uma entrevista ao New York Times.