A Ucrânia não pode ser forçada a escolher entre manter laços próximos com a Rússia ou com o Ocidente, disse o chanceler russo, Sergei Lavrov, nesta terça-feira (25).
O comentário foi o mais recente em uma série de alertas feitos por Moscou à União Europeia e aos Estados Unidos para que não tentem influenciar o futuro do antigo Estado soviético.
"É perigoso e contraproducente tentar forçar a Ucrânia a escolher dentro do princípio: 'ou você está conosco ou está contra nós'", disse Lavrov em entrevista coletiva conjunta após encontro com o chanceler de Luxemburgo, Jean Asselborn.
A Rússia e o Ocidente precisam "usar os contatos com as diferentes forças políticas na Ucrânia para acalmar a situação... e não buscarem vantagens unilaterais num momento em que é necessário o diálogo nacional", acrescentou Lavrov.
Há temores de que a culturalmente dividida Ucrânia possa sofrer um racha interno após três meses de protestos que resultaram na deposição do presidente. Tanto a Rússia como o Ocidente enfatizaram publicamente que não desejam que isso ocorra.
O chanceler francês, Laurent Fabius, disse à emissora de TV France 2 que ninguém está forçando a Ucrânia a fazer uma escolha.
Lavrov também declarou, nesta terça-feira, ser contrário a uma eleição presidencial antecipada para 25 de maio na Ucrânia, e considera que isto infringe o acordo assinado na semana passada em Kiev para solucionar a crise.
Lavrov insistiu que o acordo, assinado na sexta-feira (22) pelo presidente Viktor Yanukovytch e os líderes da oposição na presença de mediadores europeus, estipulava que uma eleição presidencial não poderia acontecer antes de uma reforma constitucional, prevista para acontecer até setembro.
— A celebração de eleições em 25 de maio já é uma renúncia ao acordo. Independente do que aconteça é muito importante ater-se aos princípios do acordo.
A Rússia já havia solicitado às novas autoridades ucranianas que respeitassem o acordo, que prevê concessões à oposição, como a organização de eleições presidenciais antecipadas, a formação de um governo de coalizão e uma reforma constitucional.
Yanukovytch, em paradeiro desconhecido desde sábado, foi destituído e em seu lugar foi nomeado um presidente interino, Olexander Turchynov.
A Rússia é o único país que ainda considera válido o acordo assinado na semana passada.
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