Secretario-geral da ONU, António Guterres, disse que a pandemia acentuou as desigualdades
Arquivo/ EFE/ 19.06.2020O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou nesta sexta-feira que "o mundo do trabalho não pode e nem deve ser igual ao que era antes da crise", e pediu medidas coordenadas em nível mundial para criar "empregos decentes para o mundo todo".
Leia mais: ONU: É preciso mobilizar 10% do PIB mundial para combater pandemia
"A pandemia evidenciou enormes deficiências, fragilidades e fissuras. Fala-se muito da necessidade de um 'novo normal' depois da crise. Mas não podemos nos esquecer de que, antes da covid-19, o mundo estava longe de ser normal", analisou.
Guterres citou como situações fora do normal "o aumento das desigualdades, a sistêmica discriminação de gênero, a falta de oportunidades para a juventude, a estagnação dos salários e a mudança climática descontrolada".
Para o chefe das Nações Unidas, "se forem adotadas medidas inteligentes e oportunas em todos os níveis", o mundo pode "sair fortalecido da crise, com melhores exemplos e um futuro melhor, mais equitativo e mais ecológico".
A ONU ressaltou três prioridades: proteger de imediato trabalhadores e empresas para evitar falências e perda de emprego, garantir que os locais de trabalho são seguros conforme o confinamento é aliviado e, por último, colocar em prática uma recuperação "inclusiva, ecológica e sustentável".
De acordo com Guterres, esta recuperação precisa estar "focada no ser humano" e aproveitar as novas tecnologias para criar empregos decentes para todo o mundo", utilizando como base as formas criativas com as quais empresas e funcionários se adaptaram à pandemia.
"Milhões de pessoas passaram a noite e a manhã trabalhando através da internet, e em muitos casos os resultados foram surpreendentes", exemplificou.
As medidas políticas, no entanto, devem levar em conta a realidade de que foram perdidos milhões de empregos, com grande impacto nos trabalhadores informais. Guterres lançou uma clara advertência aos governantes, dado o risco de a pandemia multiplicar a desigualdade.
"Esta crise no mundo do trabalho está alimentando o fogo do descontentamento e da angústia. O desemprego e a perda da renda em grande escala por causa da covid-19 estão minando a sociedade e desestabilizando países e regiões, seja no ponto de vista social, político ou econômico", frisou.