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Por que tribunais britânicos romperam tradição e liberaram advogados do uso de perucas

Advogado poderá dispensar o uso da peruca sempre que o acessório for ‘desconfortável ou impraticável’ por razões ligadas à etnia

Internacional|Do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Tribunais da Inglaterra e País de Gales abandonam o uso obrigatório de perucas georgianas após 340 anos.
  • A Bar Council atende a reclamações de advogados negros quanto à inadequação do acessório.
  • A nova diretriz permite que advogados não usem perucas se forem desconfortáveis devido à etnia.
  • O ex-secretário da Justiça critica a mudança, alegando que as perucas promovem igualdade no tribunal.

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Uso de perucas no sistema jurídico britânico remonta ao reinado de Carlos II, entre 1660 e 1685
Uso de perucas no sistema jurídico britânico remonta ao reinado de Carlos II, entre 1660 e 1685 Reprodução/X

Os tribunais criminais da Inglaterra e do País de Gales deixaram de exigir o uso obrigatório das tradicionais perucas georgianas, após quase 340 anos de tradição. A medida foi adotada pela Bar Council, entidade que representa cerca de 18 mil advogados, e busca atender reclamações de profissionais negros que consideravam o acessório “inapropriado” e “culturalmente insensível”.

A mudança ganhou força depois que o renomado advogado Leslie Thomas KC afirmou que as perucas “parecem ridículas em defensores negros” e foram “feitas para cabelos caucasianos”. A declaração, publicada pelo The Sun, expôs o desconforto de parte da advocacia com um símbolo que, para muitos, já não se ajusta à diversidade atual do sistema jurídico britânico.


Segundo a nova orientação da Bar Council, o advogado poderá dispensar o uso da peruca sempre que o acessório for “desconfortável ou impraticável” por razões ligadas à etnia. Isso inclui penteados tradicionais ou volumosos associados a cabelos afro, que dificultam o encaixe do item. A flexibilização vale inclusive para julgamentos criminais, únicos em que o uso ainda era obrigatório.

O debate sobre o tema se intensificou em 2022, quando o advogado negro Michael Etienne foi informado de que poderia ser acusado de desacato ao tribunal caso recusasse usar a peruca. Ele alegou ter sido alvo de discriminação por causa de seu cabelo.


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A repercussão levou a Bar Council a criar um grupo de trabalho para revisar as regras de vestimenta. O resultado foi a publicação de uma nova diretriz que reconhece que “em algumas etnias, há tradições de penteados associadas que tornariam o uso de peruca desconfortável ou impraticável”.

A decisão, porém, não é unânime. O ex-secretário da Justiça Sir Robert Buckland criticou a medida em entrevista ao The Sun. Para ele, as perucas funcionam como “um grande nivelador” dentro dos tribunais, ajudando a preservar o senso de igualdade entre advogados experientes e iniciantes.


O uso de perucas no sistema jurídico britânico remonta ao reinado de Carlos II, entre 1660 e 1685, quando a moda se espalhou entre a nobreza. Em 1685, o item passou a integrar o traje oficial de juízes e advogados. Desde 2007, já não era exigido em processos civis, familiares e na Suprema Corte, mas continuava obrigatório em casos criminais.

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