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Presidente afegão tenta retomar o controle expulsando forças americanas

Internacional|

A expulsão das forças especiais americanas de uma província do Afeganistão decretada este fim de semana pelo presidente Hamid Karzai revela seu desejo de recuperar o controle sobre as milícias locais e as tensões com Washington com a aproximação do fim da missão da Otan.

O chefe de Estado ordenou a retirada no domingo, no prazo de duas semanas, das forças americanas da província de Wardak, um reduto Talibã próximo a Cabul, acusando os soldados de criar "grupos armados ilegais" envolvidos com tortura e assassinatos.

O Pentágono recebeu com surpresa a notícia. Segundo um oficial americano, "não estamos cientes de nenhum incidente que possa ter influenciado esse tipo de resposta".

"Não encontramos nenhuma evidência que apoie estas alegações e vamos conversar com os nossos colegas (na missão) e os nossos parceiros afegãos para encontrar uma solução", reagiu nesta segunda-feira o general da Brigada Gunter Katz, porta-voz da missão da Otan no Afeganistão (Isaf).

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"Na verdade, uma análise nos últimos meses confirmou que nenhuma força de coalizão está envolvida na suposta má conduta em Wardak", afirmou Jamie Graybeal, porta-voz das forças dos Estados Unidos no Afeganistão.

Membros da Isaf e oficias afegãos concordaram nesta segunda com a criação de uma comissão conjunta para investigar as "preocupações" dos cidadãos desta província, acrescentou.

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As relações entre Cabul e Washington estão tensas há um pouco mais de um ano por causa da retirada do país da maioria das tropas da Otan lideradas pelos Estados Unidos. Além disso, Karzai tem denunciado regularmente bombardeios americanos que atingem civis.

Segundo Ataullah Khogyani, porta-voz do governador de Wardak, a população local aumentou nas últimas dez semanas as queixas contra as milícias locais "ilegais" formadas por forças especiais americanas e quem operam em paralelo com o exército afegão.

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"Nós queremos que as forças de segurança afegãs retomem o controle da província e substituam as forças especiais dos Estados Unidos. Queremos que estes sejam expulsos", declarou o funcionário à AFP.

As reclamações citam casos de "assédio", "tortura" e até mesmo "assassinato" por milícias considerados auxiliares do exército dos Estados Unidos.

"Parece que foi uma decisão repentina, emocional, que se explica pela frustração continua de ver as forças (afegãs e internacionais) .... incontroláveis", acredita Martine van Bijlert, da Rede de Analistas sobre o Afeganistão.

As autoridades afegãs indicaram ao New York Times que foi uma decisão de última instância, depois de tentar convencer as forças de coalizão de investigar as alegações de má conduta.

Esta nova disputa entre Cabul e Washington ocorre no momento em que os dois países tentam chegar a um acordo sobre o estatuto e o número de tropas americanas que devem permanecer no Afeganistão depois da missão de combate de cerca de 100.000 soldados da Otan, que expira no final de 2014.

Uma força americana estimada entre 8.000 e 12.000 soldados permaneceria para apoiar as forças afegãs que devem proteger o território contra os insurgentes do Talibã. A partida precipitada de Wardak "não parece ser um movimento calculado nas negociações sobre o pacto de segurança", ressalta Van Bijlert.

A decisão de Karzai busca principalmente mostrar ao povo afegão que "é ele quem detém as rédeas do país, mesmo se Cabul depende em grande medida da ajuda militar americana", defende o analista Omar Sharifi.

"O presidente quer mostrar que controla as coisas, que não é um boneco", explicou. "Ao mesmo tempo, os afegãos não podem ganhar esta guerra sem o apoio internacional... ninguém no governo tem a menor dúvida sobre isso", acrescenta.

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