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Quase 20 anos após o fim do apartheid, segregação racial ainda assombra a África do Sul

Diferenças entre negros e brancos permanecem no dia a dia da população

Internacional|Do R7*

Pessoas cantam e dançam em Vilakazi Street, na cidade de Soweto
Pessoas cantam e dançam em Vilakazi Street, na cidade de Soweto Pessoas cantam e dançam em Vilakazi Street, na cidade de Soweto

Os sul-africanos mostraram união nesta sexta-feira (6) ao se despedirem de Nelson Mandela, o líder maior do país, morto nesta quinta-feira (5) em sua casa, em Johannesburgo. Mas enquanto alguns celebravam sua vida com música e danças, outros demonstravam temores de que a morte do herói antiapartheid pode deixar o país vulnerável novamente a tensões raciais e sociais.

Quase duas décadas após o fim do regime de segregação, a questão racial continua em pauta no país, onde brancos e negros vivem uma realidade bastante diferente — os brancos, por exemplo, ainda possuem os empregos mais bem remunerados, uma posição social melhor e moram nos bairros mais cobiçados.

Segundo especialistas entrevistados pelo R7, isso se explica, em parte, pela história do país, onde, antes mesmo da independência e da política do apartheid, a maior parte das terras já estava nas mãos de uma minoria branca, enquanto a parcela negra da população era explorada.

Para o historiador Carlos Martins, os quase 20 anos que sucederam o período da segregação racial na África do Sul não foram suficientes para trazer igualdade ao país.

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— Uma sociedade que durante muito tempo fomentou desigualdades não terá, num curto espaço de tempo, uma estrutura governamental capaz de promover o bem estar social de maneira ampla, tampouco uma distribuição de riquezas mais justa.

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Para o historiador José Augusto Dias Júnior, o apartheid foi superado apenas em alguns aspectos, e a divisão pela cor ainda existe.

— Tudo aquilo ficou na cabeça das pessoas. O regime foi superado jurídica e socialmente, mas os fantasmas do período ainda assombram a África do Sul. Não se apaga tanto tempo de apartheid assim.

Ele afirma que o grande avanço pós-apartheid foi a instituição de um sistema jurídico e político que está baseado na igualdade de direitos para brancos e negros.

— Mas, na prática, a questão é: Quando essa divisão pela cor vai desaparecer? Quando teremos esse avanço civilizatório de verdade?

Martins acredita que o fim do apartheid ajudou a flexibilizar uma estrutura histórica e todos puderam, enfim, passar a disputar os mesmos espaços sociais — o que acabou levando muitos brancos a passar por dificuldades.

— Sem as "reservas de mercado", uma parcela da população branca acabou empobrecendo, ao passo que muitos negros conquistaram ascensão social. E como o Estado sul-africano não é estruturado para promover desenvolvimento socioeconômico de maneira igualitária, pobres [brancos e negros] vivem em condições precárias.

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* Ana Carolina Neira, estagiária do R7

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