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Sérvia realiza primeiras eleições na Europa após pico da pandemia

A covid-19 teve efeito moderado na Sérvia, com cerca de 12,5 mil casos confirmados e 250 mortes entre os 7 milhões de habitantes do país

Internacional|Da EFE

Manifestante em frente ao Parlamento na capital da Sérvia em Belgrado
Manifestante em frente ao Parlamento na capital da Sérvia em Belgrado Manifestante em frente ao Parlamento na capital da Sérvia em Belgrado

A Sérvia realizará eleições parlamentares no próximo domingo - as primeiras na Europa depois do pico da pandemia de covid-19 - com claro favoritismo do Partido Progressista Sérvio (SNS, de centro-direita), liderado pelo presidente Aleksandar Vucic, que não é candidato.

Leia mais: Sérvia: Diretor de asilo é preso após local registrar 144 casos de covid-19

O pleito estava previsto para o dia 26 de abril, mas acabou sendo adiado para esta semana devido às medidas de isolamento social tomadas para evitar contágios do coronavírus SARS-CoV-2.

De acordo com as pesquisas mais recentes, o SNS pode alcançar 60% dos votos, após ter angariado 48,5% nas eleições realizadas em 2016. O aliado Partido Socialista (SPS) espera chegar a 14% dos votos, o que inclusive daria à coalizão uma maioria absoluta de dois terços.

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Os demais partidos políticos não devem chegar nem a 5% dos votos. Sete grupos têm possibilidades de superar o mínimo exigido de 3% para entrar no Parlamento.

Campanha Virtual

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A covid-19 teve efeito moderado na Sérvia, com cerca de 12,5 mil casos confirmados e 250 mortes entre os 7 milhões de habitantes do país.

No entanto, o ritmo de contágio voltou a crescer rapidamente desde 5 de junho, com entre 50 a 90 casos diários, longe das centenas por dia registradas no início de abril, mas acima do que mostravam os ralatórios da segunda quinzena de maio.

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Essas eleições serão realizadas após uma campanha virtual e televisionada, de modo a evitar a propagação do vírus.

"A pandemia mudou o mundo. E mudou totalmente as circunstâncias destas eleições", destacou à Agência Efe o analista Bojan Klacar, da ONG Centro para as Eleições Livres e a Democracia (CeSID), ao se referir à falta de atos públicos e a incomum data das eleições, em pleno verão, o que nunca aconteceu nos últimos 30 anos no país.

Forte Presença de Vucic

O que não mudou foi a presença permanente de Vucic em muitos meios de comunicação, tanto nos jornais impressos como na televisão.

O atual presidente foi primeiro-ministro até 2017, quando ganhou as eleições e deixou a direção do governo para Ana Brnabic, uma aliada.

Presidente da Sérvia Aleksandar Vucic
Presidente da Sérvia Aleksandar Vucic Presidente da Sérvia Aleksandar Vucic

Embora não se apresente como candidato, o mandatário, de 50 anos, foi o rosto da campanha do SNS, cujo lema para estas eleições é "Aleksandar Vucic - Para nossos filhos". O SNS pretende aproveitar a enorme popularidade do presidente.

Críticos o acusam de aproveitar o estado de emergência para reforçar ainda mais a posição dominnate nos meios de comunicação e na vida pública.

Por esse motivo, vários partidos da oposição, como o Partido Democrático (DS) e o Partido da Liberdade e Justiça (SSP), decidiram boicotar as eleições de domingo, o que segundo analistas danificará e reduzirá mais ainda a relevância deles.

União Europeia

Desde 2014, a Sérvia negocia a sua adesão à União Europeia (UE), com o objetivo de entrar no bloco até 2025.

O SNS, no poder desde 2012, estabilizou as finanças públicas nos últimos anos, enquanto a economia sérvia cresceu mais de 4% no ano passado, atraindo - segundo o governo - mais investimento estrangeiro do que qualquer outro país da região dos Bálcãs.

"Estou confiante de que um futuro governo será capaz de cumprir mais intensamente os processos de integração europeia", afirmou na campanha virtual Vucic, expressando o sentimento europeísta.

No início da pandemia, o mandatário tinha mostrado abertamente o mal-estar diante do atraso das ajudas do bloco, ao mesmo tempo que dava grande destaque à assistência - menos volumosa do que a europeia - que vinha da China e da Rússia.

A oposição, a imprensa crítica e as organizações não governamentais acusam Vucic de autoritarismo crescente, incluindo pressões, por vezes violentas, contra vozes dissidentes.

A organização americana Freedom House, em relatório recente, rebaixou a Sérvia de "democracia plena" para um "regime híbrido", ou seja, no meio do caminho entre a democracia e o autoritarismo.

Grande Popularidade

Apesar dessas críticas, o presidente conta com enorme popularidade entre grandes setores da população sérvia.

"A maioria dos eleitores, especialmente os que são leais a ele, confiam nele. Embora não estejam necessariamente satisfeitos com o que ele faz, confiam nele para cumprir as promessas perante qualquer outro líder político", analisou Klacar.

No entanto, o analista reconhece que uma vantagem excessiva do SNS sobre o resto dos partidos pode colocar em risco o pluralismo da vida política do país. Muitos meios de comunicação noticiam a favor do governo Vucic e do SNS, ignorando os outros partidos.

Oposição Fragmentada

A popularidade do presidente se deve também à fragmentação da oposição, incapaz de articular o descontentamento dos cidadãos que ocorreu no ano passado, quando todas as semanas eram realizadas manifestações contra Vucic.

Dos 19 partidos restantes, sete têm uma chance realista de ultrapassar o limiar dos 3%, o novo mínimo para a entrada no Parlamento.

Diante da perspectiva de grande um boicote das eleições por parte da oposição, Vucic promulgou uma lei em janeiro para reduzir o mínimo de 5% para 3%.

O argumento oficial era melhorar as possibilidades de acesso dos partidos minoritários à casa dos 250 deputados. Para os críticos, porém, esta é uma tentativa do SNS de aumentar a própria legitimidade.

Os grupos com mais chances de entrar no Parlamento são a União Patriótica Sérvia (SPAS, centro-direita), liderada por um antigo jogador de polo aquático, e o Movimento dos Cidadãos Livres (PSG, centro-esquerda), liderado por um popular ator.

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