Manifestante encara a polícia durante protesto em Bangkok, na Tailândia
Jorge Silva/ Reuters/ 15.10.2020O governo da Tailândia decretou estado de emergência no final da manhã desta quinta-feira (15), mirando acabar com os protestos que aconteceram em volta da sede governamental. A polícia prendeu alguns dos líderes da manifestação.
Com a decretação do estado de emergência, as autoridades proibiram as reuniões públicas de mais de quatro pessoas e a publicação de notícias que possam prejudicar a segurança nacional.
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Milhares de manifestantes pró-democracia foram às ruas do centro histórico de Bangcoc na quarta-feira para exigir a renúncia do governo e reformas para limitar o poder dos militares e da monarquia, sendo esta última uma questão altamente controversa no país.
O protesto, que coincidiu com o aniversário da revolução estudantil de 1973, foi pacífico em sua maioria e incluiu um gesto de rebeldia sem precedentes, pois os manifestantes bloquearam o caminho da caravana de carros transportando membros da casa real, incluindo a rainha Suthida.
A imagem contrastou com o passado recente, quando o povo tailandês se ajoelhava diante da passagem da caravana real.
O governo justificou o estado de emergência para manter a paz e a ordem e acabar com a onda de protestos contra as autoridades, que começaram em julho.
A principal exigência dos manifestantes é a renúncia do governo liderado pelo general golpista Prayut Chan-ocha, e uma nova constituição, já que a atual foi redigida pela antiga junta militar (2014-2019), além de reduzir a influência das Forças Armadas na política nacional.
A exigência mais controversa é a reforma da monarquia, um assunto tabu até recentemente, devido não só ao grande respeito popular pela instituição, como pela lei de lesa-majestade, que prevê penas de até 15 anos de prisão para qualquer pessoa que criticar a família real.