A criança precisa tomar as duas doses da vacina
PixabayUm estudo divulgado pela Unicef nesta quarta-feira (24) revela que cerca de 169 milhões de crianças deixaram de ser vacinadas contra o sarampo entre 2010 e 2017, o que representa 21,1 milhões de crianças por ano. A organização diz que isso pode abrir espaço para um surto global da doença.
Estima-se que 110 mil pessoas, a maior parte crianças, morreram de sarampo em 2017, um aumento de 22% em relação ao ano anterior.
Apenas nos três primeiros meses deste ano, mais de 110 mil casos da doença foram registrados no planeta, um aumento de 300%, em comparação ao mesmo período de 2018.
Vários bolsões estariam despreparados se o vírus causador da doença começasse a se espalhar.
"O terreno para os surtos globais de sarampo que estamos testemunhando hoje foi estabelecido anos atrás", disse Henrietta Fore, diretora-executiva do UNICEF. "O vírus do sarampo sempre encontrará crianças não vacinadas. Se levamos a sério a prevenção desta doença perigosa, mas evitável, precisamos vacinar todas as crianças, tanto em países ricos como em países pobres."
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que 95% da população mundial seja imunizada. No entanto, a cobertura para a primeira dose da vacina é de 85%. O problema maior é referente à segunda dose da vacinação, que cobre apenas 67% das pessoas.
Segundo a Unicef, os maiores responsáveis pela falta de imunização preventiva são sistemas de saúde precários, complacência e, em alguns casos, medo ou ceticismo em relação às vacinas.
No Brasil, metade das cidades não bateu a meta de crianças imunizadas na campanha de vacinação contra o sarampo que aconteceu em todo o país no início do ano.
Países ricos não vacinam
Pode parecer que o problema da vacinação só afeta países com pouca estrutura, mas cada vez mais os países mais ricos também lidam com dificuldades para cumprir suas metas de vacinação. No geral, a média da primeira dose fica em torno de 94% e da segunda dose cai para 91%.
A Unicef divulgou também um ranking com países de alta renda que menos imunizaram contra o sarampo.
Quem lidera a lista são os Estados Unidos, onde pelo menos 2,5 milhões de crianças não receberam nem a primeira dose da vacina entre 2010 e 2017. O país não possui sistema de vacinação gratuita e uma dose pode chegar a custar mais de US$ 100 (cerca de R$ 399,00).
França e Reino Unido seguem atrás com 608 mil e 527 mil crianças não imunizadas, respectivamente.
Situação crítica em países de baixa renda
No índice geral, a Nigéria é o país que menos vacinou crianças com menos de um ano neste período. Foram quase 4 milhões de crianças sem receber nem ao menos a primeira dose.
Segue a Índia, o Paquistão e a Indonésia com 2,9 milhões e 1,2 milhões de crianças desprotegidas, respectivamente.
A Unicef admite que a situação é ainda mais crítica em relação à segunda dose da imunização. Ao menos 20 países da África subsaariana não introduziram a segunda dose necessária no calendário nacional de vacinação, colocando mais de 17 milhões de crianças por ano em maior risco de pegar sarampo durante a infância.
"O sarampo é muito contagioso", disse Fore. "É fundamental não apenas aumentar a cobertura, mas também manter as taxas de vacinação nas doses certas para criar um guarda-chuva de imunidade para todos", finaliza.