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Vitória de Macron na França favorece acordos comerciais entre Mercosul e União Europeia, dizem especialistas

Agronegócio brasileiro pode ganhar espaço em mercados europeus

Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7


Presidente eleito tem 39 anos de idade e é considerado "outsider" no universo político
Presidente eleito tem 39 anos de idade e é considerado "outsider" no universo político

A França elegeu no último domingo (7) o presidente mais jovem de sua história. Aos 39 anos de idade, o centrista Emmanuel Macron é considerado um "outsider" no universo da política, o que gerou uma enorme expectativa sobre sua capacidade de articular e implementar as reformas prometidas durante a campanha. No campo internacional, o novato trouxe um alívio para os valores liberais democráticos defendidos pela União Europeia. No que afeta o Brasil, especialistas ouvidos pelo R7 afirmam que o êxito de Macron pode reforçar a viabilização do acordo de livre comércio entre Mercosul e UE, negociado há mais de 20 anos. 

Demetrius Pereira, que leciona Estudos Europeus e Negociações Internacionais em instituições como ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e Faculdades Integradas Rio Branco, explica que as conversas entre os blocos visam a abertura de mercados europeus para o agronegócio da América Latina, com a contrapartida de mais facilidade para os setores de serviços e indústrias no mercado latino-americano.

— Nesse sentido, o que pode acontecer é um rompimento entre o François Hollande, atual presidente francês, e o Macron, ainda que não seja um rompimento traumático. É que o Macron tem uma visão política um pouco mais à direita do que o Hollande, que é de centro-esquerda. Na França, a esquerda é mais protecionista em relação à área agrícola, eles são relutantes no que diz respeito à abertura desse tipo de mercado e comércio, até porque os franceses são os maiores produtores agrícolas da Europa. O Macron tende a ser um pouco mais liberal no que diz respeito a essas reformas e ao apoio à iniciativa privada.

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A agenda imediata de Emmanuel Macron na esfera internacional, entretanto, deve se centrar no relacionamento com outros países da União Europeia, de acordo com Natália Fingermann, professora de Relações Internacionais da Unisantos e pesquisadora do Neai (Núcleo de Estudos e Análises Internacionais da Unesp). “Neste momento, a vitória dele não vai ter impacto direto no Brasil”, pondera.

Quebra de protocolo e obstáculos no parlamento


Ao celebrar sua vitória na noite de domingo (7), Macron já chegou quebrando protocolos ao subir à esplanada do museu do Louvre: ele preferiu Ode à Alegria, de Beethoven [hino da União Europeia], para comemorar o resultado das eleições — e não o tradicional A Marselha, hino nacional francês. A escolha reforça o que o presidente eleito afirmou ao longo de toda a campanha: que suas prioridades no poder seriam reforçar a zona do euro e reintegrar a UE. A professora e pesquisadora do Neai acredita, porém, que o centrista deve encontrar alguns obstáculos dentro do governo para levar adiante essa e outras propostas, inclusive a que diz respeito ao livre comércio com o Mercosul.

— Ele se elegeu com 66% dos votos [ou aproximadamente 20 milhões de eleitores], mas o índice de absenteísmo nas eleições deste ano na França foi muito alto. Mais de 10 milhões nem compareceram às urnas e mais de 4 milhões votaram nulo ou branco. Então, internamente o cenário não é tão favorável como parece. Obter maioria no parlamento, para o Macron, vai ser um dos grandes desafios após a posse.


De todo modo, é consenso entre os especialistas que a vitória do centrista é mais positiva para as relações internacionais do que teria sido a eleição de Marine Le Pen: "O Macron representa, de certa forma, uma abertura econômica e a manutenção das relações comerciais da França tanto no que diz respeito a outros países da Europa como para diversas nações ao redor do mundo. A Marine Le Pen representava o oposto disso, além de ter demonstrado posturas de xenofobia em diferentes situações. Desta forma, eu acredito que mesmo os brasileiros que moram na França foram beneficiados com a eleição do Macron", ressalta Fingermann.

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O professor de Negociação e Resolução de Conflitos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Yann Duzert, por sua vez, crê que até aqueles que pretendem se aventurar no mercado de trabalho francês podem se dar bem se as proposições do centrista forem concretizadas. 

— A França recebe mais de 200 mil imigrantes por ano. O Macron não demonstrou nenhuma intenção de restringir o acesso dos trabalhadores do Brasil e do resto do mundo ao território francês. Ele promete maior flexibilização das leis trabalhistas, maior mobilidade dos empregados dentro da Europa e, consequentemente, maior competitividade entre as empresas. Desta forma, os brasileiros bem formados têm boas chances de encontrar empregos na França.

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