Sim, é uma série especial. E das boas. Daquelas que mexem com a gente desde o primeiro momento.
Navegar pelo rio Amazonas sempre foi um desafio, e isso ainda persiste. Além de muito planejamento, são necessários muitas horas, muito tempo, uma equipe afiadíssima e muita, muita vontade de fazer bem-feito.
As imagens, as histórias, as informações, as pessoas. O que trazemos aqui é o resultado de 15 dias não só de bastante trabalho pelo Norte brasileiro. É, sim, produto de um grande envolvimento. É jornalismo feito da maneira mais natural e sincera.
Desde o momento em que as águas chegam ao Brasil, na tríplice fronteira com o Peru e a Colômbia, passando por Manaus, e assim como o grande Amazonas, terminamos no Amapá, de frente para o oceano Atlântico.
Mas eu ainda tenho dúvidas, não sei se o rio Amazonas, de fato, tem um fim.
Vamos juntos, vamos descobrir com a gente. Este foi o nosso roteiro de viagem:
Uma imensidão de água doce atravessa o Norte do Brasil. O Amazonas é o maior rio do mundo em volume de água e largura.
De ponta a ponta, são quase 7.000 quilômetros.
No oeste do Brasil, percorremos a primeira cidade que atravessa o rio. Chegamos a Tabatinga. Aqui está a fronteira com o Peru e a Colômbia, aonde chegam as águas que vão formar o maior curso d´água do mundo.
A vida e a economia da região se movimentam por causa do rio.
Muitos comerciantes trabalham em razão do turismo e da pesca. E a chegada das mercadorias depende dos barcos. Muitas vezes, eles encontram perigos pelo caminho; os piratas atacam embarcações e roubam tudo o que podem.
Além do rio, ainda há outro caminho que liga o Brasil à Colômbia. Basta seguir pela avenida principal de Tabatinga, lotada de motocicletas.
A maneira mais comum de entrar no país vizinho é usando o tuk-tuk. Uma espécie de moto adaptada.
Dá um certo medo, pelo asfalto da rua, que fica muito perto dos nossos pés, e pelas curvas.
Mas o piloto garante que é seguro. Acreditamos e seguimos viagem até Letícia, na Colômbia.
Conhecemos a região por algumas horas e depois voltamos para Tabatinga.
Embarcamos numa jornada até a foz do maior rio do mundo. Nesse trecho, cerca de 130 pessoas entram no enorme barco. Encontramos muitas redes espalhadas para garantir o sono durante a viagem. E, no balanço da viagem, descobrimos histórias interessantes para vocês.
A criminalidade é o que mais assusta quem pega o barco. Dia a dia, homens bem armados saem em patrulha pelo rio, e os afluentes são pequenos braços d'água, difíceis de acessar.
Os criminosos aproveitam os barcos de passageiros para enviar drogas ou transportá-las. Por isso, a fiscalização também acontece dentro das enormes embarcações.
Antes da saída dos portos, os policiais olham em todos os locais possíveis, embaixo dos móveis e até dentro do ar-condicionado.
Só depois que eles se retiram do barco é que as redes são armadas.
Aí, podemos partir.
Mais à frente no rio, depois de sairmos do porto na cidade de Fonte Boa, e já no munícipio de Coari, passageiros são surpreendidos pela movimentação de dezenas de policiais civis e militares.
Nós tivemos a informação de que a polícia encontrou drogas aqui dentro do barco.
Na verdade, cocaína. Vamos ver com eles o que aconteceu aqui dentro.
Os passageiros têm de ficar na lateral do barco.
Um cachorro fareja as bagagens, uma a uma. E, pouco depois, o animal dá um sinal: 4 quilos de cocaína são achados dentro de um colete salva-vidas.
A droga é levada para a base. O problema é achar o traficante, já que o colete serviu só como esconderijo.
Segundo a polícia, foi feito um levantamento de quem estava perto.
Câmeras, sempre há dificuldade, porque na hora não aparece ninguém.
O comandante é ouvido.
É ele quem responde, a princípio, pelo caso, até que as investigações apontem o envolvimento de outra pessoa.
Nos últimos 30 dias, foram apreendidos aqui na região 80 quilos de entorpecentes.
Entre janeiro e abril deste ano, só nesta base de operações, foram 930 quilos de drogas apreendidos.
Além dos barcos de passageiros, segundo os relatos, os principais alvos dos piratas dos rios são as embarcações maiores de pesca e os cargueiros que cruzam o maior rio do mundo nos estados do Amazonas e do Amapá.
No Amapá, no mês de maio, uma força-tarefa fez uma megaoperação contra os piratas de rios.
Seis pessoas foram presas na cidade de Santana, que fica ao lado da capital, Macapá. Elas são suspeitas de furtar navios na foz do rio Amazonas.
Enquanto isso, para aquele que vai e vem diariamente pelo rio, o que resta é pensar em formas de se proteger.
O barco, com capacidade para 890 pessoas, parte debaixo de chuva.
É o chamado inverno amazônico, a estação mais úmida do Norte do Brasil.
Saímos de Tabatinga, no extremo oeste do estado, até Manaus, para vencer os "1.600 quilômetros".
Foram três dias de viagem descendo o rio Solimões. Um dos maiores trechos embarcados dessa jornada. Nós percorremos sete cidades até chegar a Manaus.
Encontramos Jamilly Almeida, uma jovem de 17 anos, que estava acompanhada do pai.
Ela tem crises de convulsão. E estava indo a Manaus para buscar uma consulta com um neurologista e ter um diagnóstico mais preciso dos sintomas que sente.
E, antes de encerrar a viagem, Jamilly deu uma aula para a gente sobre as expressões usadas na região. Você sabe o que é “dibubunha”? Ficou curioso?
Assista ao vídeo e descubra o significado e como se fala por lá!
Um dos lugares mais disputados do barco é o refeitório; o lugar prepara três refeições, servidas diariamente aos passageiros.
Tudo é comandado por Raimunda da Costa. Ela nasceu e cresceu à beira do Solimões.
Mas há oito anos resolveu viver embarcada. Só que resolveu que essa viagem era a última; ela quer cuidar mais da saúde.
Estava emocionada de deixar a vida no barco, que considera o seu lar.
Dois grandes rios de regiões distantes correm na mesma direção. E se encontram em Manaus.
Mas a divisão vai além da cor da água. A velocidade da correnteza, a composição e a temperatura também atrasam a mistura dos rios.
As diferenças entre essas águas não permitem que elas se juntem tão facilmente.
E quem se beneficia com isso somos nós, que temos a chance de assistir a um imenso espetáculo.
Até o Solimões e o Negro assumirem uma só cor, formando um só rio, são vários quilômetros.
Separamos um pouquinho desse momento incrível para vocês, com imagens de Pedro Lopes e apoio de Joab Silva.
Na área do encontro das águas, ou mais abaixo no rio Amazonas, por onde se olha há vida. E um dos animais mais famosos por aqui está bem perto: o boto-cor-de-rosa, um símbolo da floresta.
Quando adultos, os botos podem chegar a 2 metros de comprimento e pesar até 200 quilos. Mas, apesar do tamanho, eles são dóceis.
Tanto que ajudam jovens com deficiência que vivem num orfanato de Manaus; duas vezes por semana, eles participam da "bototerapia".
Esse foi um momento muito especial da viagem. Vamos compartilhar tudo a que assistimos por lá.
Veja o vídeo:
Também separamos aqui um bate-papo que fiz com a nossa produtora da série, Gabriela Coelho. Ela conta como foi produzir essa viagem e destaca os melhores momentos que vivemos na região. Assista:
Quer conhecer um pouco mais dessa jornada no maior rio do mundo? Veja todos os episódios da série especial do Jornal da Record. Aperte o play:
Descubra as dificuldades e belezas de quem vive e navega pelo Amazonas:
Piratas e traficantes criam estratégias para despistar a polícia:
Ribeirinhos sofrem sem estrutura para atendimento de saúde:
Crianças e jovens ribeirinhos enfrentam obstáculos para estudar:
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