A bebida que vem de um pequeno grão faz sucesso nos quatro cantos do planeta. Segundo a Organização Mundial do Café, o consumo do produto em todo o mundo, entre 2020 e 2021, é de 167.258.000 mil sacas. O que representa um crescimento de cerca de 2% em relação ao período de 2019 e 2020.
Dados da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) mostram a importância da bebida também na mesa dos brasileiros. Mesmo durante a crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19, houve alta de 1,71% no consumo em 2019 quando comparado ao ano anterior. Cada brasileiro consome 5 quilos de café torrado por ano.
Atualmente, mais de 40 países se dedicam ao plantio de cafezais. Nesse cenário, Minas Gerais se configura como protagonista. As plantações do território mineiro produzem 50% de todo café que sai do Brasil. Em 2021, a exportação do produto gerou R$4,4 bilhões para o mercado local, sendo o líder do agronegócio mineiro para o público externo.
O café surgiu na região chamada Kafta, no sudoeste da Etiópia, no continente Africano. Conta a lenda que, no século 9, um pastor percebeu que as cabras ficaram agitadas ao redor de uma árvore carregada com frutinhas vermelhas. Desconfiado, ele também resolveu provar e teria ficado entusiasmado.
Se a África foi o berço, a Arábia Saudita foi o país responsável pela popularização do produto pelo mundo. Afinal, foi dos árabes a ideia de torrar os grãos e, com eles, fazer uma bebida. Por lá, o cultivo teve uma grande importância econômica e era cercado de segredos, já que os locais acreditavam que o café tinha propriedades milagrosas.
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xCom o passar do anos, o produto conquistou a Europa. Nos séculos 16 e 17, Holanda e França já plantavam o grão em suas colônias e escondiam as sementes como se fossem pedras preciosas. Foi por volta de 1700 e 1720, no período das grandes navegações, que o café chegou ao Brasil.
Bernardino Cangussú, coordenador técnico estadual de cafeicultura da Emater-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), explica como uma missão brasileira trouxe o grão ao território.
“No século 18, o café já era uma cultura econômica na Europa. Sabendo disso, um sargento chamado Palheta foi enviado para a Guiana, uma colônia ao norte do Brasil, para trazer mudas de grãos de café”, explicou Cangussú. O Pará, por ser uma região próxima à colônia, foi o primeiro local a plantar o café, mas o cultivo não foi para frente.
“O plantio do café depende da característica de altura. Ele não tende a ir bem quando é plantado abaixo de 700 metros. Como o Pará não tinha a altura nem o clima propício, as mudas foram distribuídas para outras regiões”, disse o coordenador.
O tipo de café que chegou ao país foi o Arábica que, segundo o especialista, dá uma bebida melhor e com sabor mais agradável. A outra variedade, chamada Conillon, é a mais comum e foi introduzida no país tempos depois. Também chamada de Robusta, esse grão é produzido em regiões mais quentes como Rondônia, Bahia e Espírito Santo.
Minas Gerais é o maior produtor e exportador de café do mundo, com produção superior a 30 milhões de sacas por ano. Dos 47 milhões de sacas produzidas no Brasil na última safra, 22,1 milhões saíram de terras mineiras. As regiões centro-oeste e sul têm juntas a maior área da cafeicultura: cerca de 650 mil hectares plantados em 154 municípios.
O mercado externo é o destino da fazenda da família Afonso, na cidade de Cristina, na Serra da Mantiqueira, no sul de Minas Gerais. A relação de Sebastião Afonso da Silva, cafeicultor que está à frente da produção, começou após um momento de crise.
“Na década de 90, o preço do arroz estava muito baixo e nós tivemos que partir para outras alternativas. Começamos cultivando milho, derrubando eucalipto e plantando um pedacinho de café”, contou o produtor.
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xA história do Sebastião com o café começou em 1994 quando ele comprou a primeira propriedade com 1.400 pés de café. Desde lá, ele acompanhou todo o processo da cadeia produtiva e, inclusive, foi ele que demarcou o espaço entre cada pé de café plantado. Atualmente, são 400 mil pés e ele ousa dizer que conhece cada talhão, medida que corresponde a um quarteirão.
A iniciativa deu certo e, hoje em dia, o grão cultivado por Sebastião é considerado o melhor café natural do planeta pela Brazilian Specialty Coffee Association.
A Record TV Minas estreia, nesta segunda-feira (18), uma série especial sobre o café. Do pé à xícara, “Café com Aroma de Minas” retrata todo o processo da cadeia produtiva, o surgimento dos segmentos especiais, o dia a dia e desafios dos produtores.
A produção jornalística conta ainda com nove episódios de podcast e reportagens especiais para o R7. Veja todos os conteúdos em texto, vídeo e em podcast sobre o tema neste link.
A série “Café com Aroma de Minas” é um oferecimento do Sistema Faemg, Senar, Inaes e Sindicatos. A união e a força do campo.
Chefia de redação: Adriana Viggiano e Flávia Martins y Miguel
Direção de jornalismo: Marco Nascimento.