Quanto tempo o rio Doce precisará para se recuperar da enchente de lama que arrasou o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana? Enquanto a mineradora Samarco e suas acionistas Vale e BHP não apresentam o plano de recuperação, quem cresceu às margens de um dos rios mais importantes do Sudeste não tem muito o que fazer além de lamentar a devastação
Douglas Guizilini / Air Pix / Divulgação
Imagens capturadas por um drone apontam dimensões da tragédia. As fotos foram tiradas nos dias 6 e 9 na divisa entre as cidades de Santa Cruz do Escalvado e Rio Doce, após o rio Gualaxo, no ponto exato onde o rio Doce nasce, no encontro entre os rios Carmo e Piranga
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O empresário e fotógrafo Douglas Guizilini criou a AirPix para usar drones em coberturas de eventos corporativos. Ele nunca imaginou que acabaria testemunhando a destruição da nascente. — Ficamos chocados ao ver tamanha devastação. Onde passava um rio repleto de vida virou um mar de lama. Em um piscar de olhos, tudo foi destruído e arrancado: casas, animais, objetos, uma tragédia sem proporções
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A enxurrada de lama tóxica alterou o pH da água e provocou uma mudança brusca na corrente. Com isso, milhares de peixes não suportaram o habitat e morreram. Uma semana depois, as mineradoras não divulgaram qualquer relatório sobre a qualidade da água. A Samarco informou preliminarmente que o material é inerte, com areia, e não causa danos à saúde. Um relatório do Serviço de Água de Governador Valadares, entretanto, mostra alta concentração de manganês, um metal tóxico, e alumínio, que pode agravar a condição de pacientes com doenças crônicas
Douglas Guizilini / Air Pix / Divulgação
Um barco foi carregado por toneladas de troncos de árvore até a margem
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O prefeito de Rio Doce, Silvério Joaquim da Luz, se revoltou ao presenciar a situação. — O desastre ecológico é incalculável. Milhares de peixes mortos; quilômetros de matas ciliares destruídos, lama fétida. São prejuízos econômicos incalculáveis para Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado. O rio Doce, assoreado, agora está ameaçado de morte
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O último balanço do Corpo de Bombeiros apontava seis mortos identificados pelas famílias e 19 desaparecidos, além dos corpos que aguardam perícia no Instituto Médico Legal