Índios relatam problemas causados por rompimento
Reprodução / Record TV MinasÍndios da tribo Pataxó, que vivem em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte, reclamam que passaram a ter problemas de saúde, após a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) assumir a distribuição de água no local. Até janeiro janeiro deste ano, a aldeia Naô Xohã captava o recurso hídrico do rio Paraopeba, mas após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, o grupo precisou receber o líquido por meio de caminhões-pipa.
Para o líder indígena Sucupira Pataxó, os problemas teriam sido causados pela quantidade de cloro na água.
— Nosso costume é beber água de nascentes, de rios, águas naturais. A água da Copasa tem um índice cloro muito alto na aldeia Naô Xohã.
A índia Tanara Pataxó relata que os membros da tribo apresentaram os mesmos sintomas.
— As pessaoas sentem dor de barriga, dor de cabeça, manchas na pele e vômito.
Após a aldeia registrar o problema, o MPF (Ministério Público Federal) solicitou à Copasa o monitoramento e informações sobre a qualidade da água. Ainda segundo o órgão, também foi pedido à mineradora Vale, dona da barragem rompida, a instalação de um filtro para diminuir o cloro da água fornecida pela companhia. Enquanto o procedimento não é feito, a empresa deverá fazer entregas imediatas de água mineral para a comunidade indígena.
Veja também: Índios Pataxós sofre com poluição do rio Paraoepeba
O Ministério Publico divulgou um edital para contratação de assessoria técnica para ajudar na reparação dos danos causados à comunidade indígena, financiada pela Vale, mas sem qualquer tipo de vínculo com a empresa.
Procurada, a Copasa informou que a "água fornecida atende as normas de potabilidade exigidas pelo Ministério da Saúde". Ainda de acordo com a companhia, técnicos vão até à tribo, nesta terça-feira (15), para orientar os moradores.
A Prefeitura de São Joaquim de Bicas destacou que tem cobrado da mineradora o atendimento necessário aos moradores da tribo. A reportagem procurou a Vale para comentar a situação, mas ainda não teve retorno.
Veja a íntegra da nota da Copasa:
"A Copasa informa que a água utilizada para o abastecimento as comunidades indígena, em São Joaquim de Bicas, é produzida pelo Sistema Rio Manso.
A Copasa, prezando sempre pela qualidade da água distribuída e pelo bem-estar da população, informa que a água fornecida atende as normas de potabilidade exigidas pelo Ministério da Saúde. Para ratificar o compromisso com a sociedade, a Companhia esclarece que, na terça-feira (15/10), vai enviar uma equipe até as comunidades, para sanar dúvidas e orientar os moradores."
Veja a íntegra da Prefeitura de São Joaquim de Bicas:
"A prefeitura de São Joaquim informa que desde o momento que teve conhecimento que havia aldeados às margens do Rio Paraopeba, vem realizando toda a assistência necessária para eles conforme as possibilidades de recursos da cidade.
Quanto aos problemas vivenciados pelos indígenas com relação a água, em decorrência do rompimento da Barragem do Córrego do Feijão em Brumadinho, a Prefeitura tem cobrado da empresa Vale que a mesma arque com suas responsabilidades e atenda a aldeia da forma devida.
De acordo com a empresa, desde o início desta semana, os indígenas já estão recebendo água mineral para consumo e também colocará à disposição da aldeia um decantador para eliminar as partículas que possam deixar a água fornecida pela Copasa imprópria para consumo e demais atividades da vida diária."
*Estagiária do R7, sob supervisão de Pablo Nascimento