O irmão do operário terceirizado da Vale que morreu na última semana em uma mina da empresa em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, denuncia que os supervisores da equipe sabiam dos riscos no local.
A informação foi repassado aos familiares por um funcionário, que prefere não ser identificado. Segundo o trabalhador, a preocupação surgiu após chover na região um dia antes do deslizamento da estrutura conhecida como talude, que matou disse à família da Júlio César Oliveira Cordeiro, de 37 anos.
Júlio César morreu enquanto trabalhava
Reprodução / Record TV Minas“Eu já tinha avisado ao meu supervisor, mas os engenheiros disseram que a gente poderia subir. Essa chuva que deu on"tem avacalhou tudo”, contou o trabalhador em um áudio enviado aos familiares da vítima.
Procurada pelo R7 para comentar a possível notificação de risco, a Vale informo que "os fatos relativos ao acidente seguem em apuração". A mineradora ainda disse que lamenta o ocorrido e que coopera com as investigações. A reportagem também tentou contato com a terceirizada Vale Verde, mas ainda não teve retorno.
Deslizamento
O operador de escavadeira estava trabalhando na mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, quando um talude desmoronou, soterrando a máquina. O acidente foi por volta das 16h15, da última sexta-feira (18), em uma área próxima ao local onde bombeiros ainda buscam os desaparecidos no rompimento da barragem da Vale na cidade.
Os militares que trabalhavam nas buscas chegaram rapidamente ao local, mas o corpo só foi encontrado cerca de duas horas depois.
Antes de trabalhar como operador de escavadeira na mina Córrego do Feijão, Júlio César fazia fretes. Ele havia comprado recentemente esse caminhãozinho mas, por conta da pandemia, os serviços pararam. Foi um amigo dele quem arrumou o emprego na empresa terceirizada pela Vale.
Daniel Luiz Cordeiro, irmão da vítima, conta que a Cordeiro sabia dos riscos de trabalhar na mina, mas não tinha medo e estava muito feliz com o emprego. Júlio César deixa esposa e uma filha de 4 meses.
— Ele gostava muito de operar máquina. Estava realizando o desejo de ter um emprego bom, pagar um convênio médico para a família e dar um pouco de conforto para a família dele.
A companhia Vale Verde prestou assistência à família no velório e no enterro. Já a Vale afirmou que segue apoiando as autoridades na apuração das causas e seguirá mantendo diálogo permanente com os órgãos públicos competentes.
Investigação
O Ministério Público de Minas Gerais abriu uma investigação para apurar possível regularidade das atividades desenvolvidas pela mineradora no local.
No fim de semana a prefeitura de Brumadinho publicou um decreto suspendendo o alvará de funcionamento e localização da mineradora Vale e suas terceirizadas que atuam na cidade. A decisão é valida por sete dias ou até que os fatos do acidente sejam esclarecidos e a segurança dos trabalhadores esteja garantida.