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Jovem expulso da universidade por espancar a ex-namorada volta à mesma faculdade de medicina

PUC Minas alega que realizou acordo com os advogados do aluno e a Justiça para que ele frequente as aulas em cidade diferente

Minas Gerais|Maria Luiza Reis, Pablo Nascimento e Ezequiel Fagundes, da Record TV Minas

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"Sentei a mão nela", teria escrito José Flávio após agredir a ex-namorada
"Sentei a mão nela", teria escrito José Flávio após agredir a ex-namorada

O jovem expulso do curso de medicina da PUC Minas (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) após ser acusado de espancar a ex-namorada, também estudante do mesmo curso, foi reinserido na lista de alunos da faculdade e voltou à vida acadêmica.

De acordo com a universidade, a decisão aconteceu após um acordo entre os advogados do aluno e da faculdade, perante o poder Judiciário.


"O discente José Flávio Carneiro dos Santos retomou suas atividades acadêmicas na Universidade, sendo-lhe imposta a condição, entre outras, de cursar as disciplinas restantes, exclusivamente, no Campus da PUC Minas em Poços de Caldas", informou a instituição.

A expulsão de Santos havia sido feita pela própria faculdade, após um processo administrativo interno. Ele cursava medicina no campus Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, assim como a ex-namorada Gabriela Duarte.


O caso aconteceu em 2021. No início de 2022, Santos acionou a Justiça para reverter a expulsão, mas a penalidade foi mantida pelo TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais).

A reportagem procurou o TJMG para comentar sobre o acordo e aguarda retorno. O jovem foi denunciado e se tornou réu no caso, que ainda não foi julgado. O R7 tenta contato coma defesa de Santos.


Repúdio

Os Sânzio Nogueira e Krakauer advogados, que representam Gabriela, repudiaram a decisão da PUC Minas. "Acreditamos que a luta contra a violência à mulher é responsabilidade de todas as instituições públicas e também privadas. Por isso, a notícia da reintegração de José Flávio aos quadros da PUC é recebida com imensa surpresa, decepção e indignação".


Os advogados ressaltam que a expulsão havia ocorrido depois de um processo disciplinar da própria faculdade e mobilização do corpo estudantil.

"A Defesa de Gabriela sequer foi comunicada pela PUC a respeito da decisão de reinclusão de José Flavio, e jamais participou ou participaria de qualquer acordo nesse sentido, mesmo porque, é inacreditável que após tanta luta e esforço por parte de toda a comunidade acadêmica a PUC venha a admitir tal tipo de situação e indivíduo", concluiu o comunicado.

Sem citar diretamente o caso e o nome dos envolvidos, os diretórios acadêmicos do curso de medicina da PUC Minas emitiram nota, nesta terça-feira (14), em repúdio a "todo e qualquer ato de assédio moral, sexual e violento contra a mulher".

"Não podemos fechar os olhos para a naturalização desses terríveis acontecimentos; não nos calaremos enquanto uma mulher sofrer por violência, independente da forma. É preciso atuar para prevenir não só o estupro e a cultura do estupro, mas todos os meios de violência contra a mulher, assim desnaturalizando papéis estereotipados de posse, submissão, desigualdade e inferioridade que legitimam e perpetuam práticas violentas contra as mulheres em qualquer fase da vida", diz trecha da nota.

"Reiteramos a constante luta pela punição dos agressores e apoio às vítimas; e esperamos o mesmo posicionamento da PUC-MG enquanto instituição que se propõe a zelar pela ética, moral, justiça e principalmente pela segurança dos alunos", conclui o texto.

Relembre o caso

Em setembro de 2021, Gabriela Duarte, então com 22 anos, denunciou ter sido agredida pelo ex-namorado, na Savassi, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. A jovem relatou que foi atacada após questioná-lo sobre um outro relacionamento que ele estaria mantendo.

Em uma troca de mensagens com um amigo, ele teria confessado o ato: “Sentei a mão nela” (sic), teria escrito.

As imagens feitas por Gabriela mostram hematomas no rosto e um sangramento em sua orelha. De acordo com o boletim de ocorrência, a universitária foi socorrida por vizinhos que ouviram seus gritos e ameaçaram invadir o imóvel.

Carneiro foi detido em flagrante por lesão corporal e liberado após pagamento de fiança. Na época, a Justiça determinou que o estudante fosse monitorado por tornozeleira eletrônica e que ele não pudesse se aproximar a menos de 500 metros de Gabriela ou que tentasse fazer contato com a jovem por redes sociais.

Após o caso se tornar público, outras mulheres também relataram terem sido agredidas pelo investigado.

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