Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Laudo comprova alta concentração de metais pesados em lama de barragens 

Onda de rejeitos que atingiu o rio Doce contém chumbo, arsênio e cromo, entre outros 

Minas Gerais|Márcia Costanti e Enzo Menezes, do R7, em Belo Horizonte

Samarco não comenta resultados das análises - mineradora afirmou há uma semana que rejeitos continham apenas ferro e areia
Samarco não comenta resultados das análises - mineradora afirmou há uma semana que rejeitos continham apenas ferro e areia Samarco não comenta resultados das análises - mineradora afirmou há uma semana que rejeitos continham apenas ferro e areia

Uma semana depois do rompimento de duas barragens na cidade de Mariana, na região central de Minas, foi divulgada a primeira análise que comprova alta concentração de metais pesados no rio Doce.

Exames solicitados pelo SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de Baixo Guandu (ES) atestam a presença de arsênio, chumbo, cromo, zinco, bário e manganês, entre outros, em níveis muito acima do recomendável (leia o relatório completo aqui). O risco de contaminação da população, no entanto, não seria iminente, segundo especialistas, já que a captação de água no rio foi suspensa por tempo indeterminado.Laudo preliminar da Prefeitura de Governador Valadares já tinha mostrado alta concentração de manganês e alumínio

A mineradora Samarco, responsável pelas barragens, ainda não se posicionou sobre os resultados mesmo após ser questionada diversas vezes pela reportagem do portal R7. Logo após a tragédia, a empresa afirmou que a lama não continha rejeitos tóxicos para os seres humanos por ser composta de “material inerte em compostos de areia”. Desde então, a companhia não apresentou laudos que atestem a ausência de componentes prejudiciais. A Vale, Controladora da Samarco, e participante das ações de emergência, ainda não se posicionou sobre o assunto. 

O Igam (Instituto Mineiro de Gestão das Águas) admite a presença de metais pesados nas amostas coletadas, mas se recusa a informar a concentração verificada nas análises. Após novo pedido da reportagem, o órgão alegou que “está tendo muito cuidado ao informar os dados sobre a qualidade da água no rio Doce” e que os números isolados somente serão divulgados “após a comparação dos resultados obtidos até o momento e a realização dos relatórios definitivos”. 

Publicidade

Leia mais notícias de Minas Gerais no Portal R7

Experimente grátis: todos os programas da Record na íntegra no R7 Play

Publicidade

Entre os índices elevados estão os de arsênio, que apresentou concentração de 2,63 mg/L – o normal seria somente 0,01 mg/L – chumbo, com 1,03 mg/L, sendo que o recomendável é de 0,01 mg/L e manganês, com 61,221, muito acima do 0,1 mg/L adequado para tratamento da água.

Riscos para a população

Publicidade

Professor de saúde coletiva da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e coordenador do projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano ressalta que as proporções encontradas podem trazer efeitos graves para o organismo do ser humano em caso de ingestão da água contaminada. 

— Precisamos que o Igam, que é o órgão de gestão do Estado, venha a público colocar esta situação. Tem que desmistificar essa ideia de que a lama não é tóxica. Essa água é imprópria para o abastecimento, estes metais têm efeitos graves que podem provocar até a morte de uma pessoa. Evidentemente que a dose individual letal é diferente dessa dosagem que está diluída no curso d´água. Mas, de qualquer jeito, isso mostra que a empresa mais uma vez mentiu e que, junto com o ferro, veio todos estes elementos.

Ele explica ainda que não há como prever quando a água do rio será recuperada e voltará a ser própria para captação. Para Polignano, os resultados dos exames reforçam a “magnitude e intensidade” da tragédia ao meio ambiente e à população. Segundo o especialista, é necessário aguardar o processo natural de movimento da água para que o material contaminado seja levado adiante. 

— A única alternativa é monitorar a água e ver quanto tempo este processo vai chegar perto de um patamar normal.

O infectologista Marcelo Campos, do Ceprasst (Centro de Estudos e Práticas em Saúde e Segurança do Trabalhador) da UFMG, explica que o risco para o ser humano não é imediato, apesar das altas concentrações de metais pesados, que foram verificados no "pico" da enchente. 

— Esses níveis vão ser diluídos. O que irá definir o grau de risco é o nível em que a concentração começará a estabilizar. Como a captação da água está suspensa, o risco para a população parece muito pequeno.

O rio Doce, entretanto, não terá um futuro próximo animador. 

— O rio morreu, sim. Como ele irá se refazer, a partir dos afluentes e da calha principal, é algo que iremos aprender. 

A desolação é visível na expressão do prefeito Neto Barros (PCdoB), de Baixo Guandu. 

— Encontramos praticamente a tabela periódica inteira dentro da água. Quero ver o que o presidente da Vale vai fazer para ajudar. 

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.