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MPF denuncia família por manter mulher em situação análoga à escravidão em Minas Gerais

Denúncia contra casal e suas duas filhas aponta crimes como condição análoga à de escravidão, violência doméstica e roubo

Minas Gerais|Dara Russo*, do R7

Madalena Gordiano foi resgatada em 2020
Madalena Gordiano foi resgatada em 2020 Madalena Gordiano foi resgatada em 2020

O MPF (Ministério Público de Minas Gerais) denunciou, nesta quinta-feira (12), um casal e suas duas filhas por manter uma mulher em situação análoga à escravidão na cidade de Patos de Minas, a 415 km de Belo Horizonte.

Madalena Gordiano foi resgatada em 2020 após trabalhar por 38 anos sem salário fixo e direitos trabalhistas.

De acordo com a denúncia, além dos crimes de redução do trabalhador à condição análoga à de escravo e de violência doméstica, o casal e uma das filhas também responderão por roubo.

“Para agravar, os empregadores ainda se apropriaram, ao longo dos anos, de todos os recursos previdenciários que a vítima recebia a título de pensões, civil e militar, pelo falecimento do marido”, informa o MPF.

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Dentre as violações trabalhistas mencionadas pela denúncia, estão o cumprimento de rotina exaustiva de trabalho, com jornada diária sem horário definido e sem direito a repousos ou férias. “A denúncia registra que a vítima tinha que estar sempre à disposição dos empregadores, podendo ser demandada a qualquer hora do dia ou da noite”, aponta o documento.

Os empregadores também são acusados de impor à vítima condições degradantes de trabalho. “A possibilidade de Madalena Gordiano usufruir de seu direito fundamental à vida privada e intimidade foi subtraída por mais de 15 anos pelos denunciados, que forneceram à vítima, apenas para seu repouso noturno, um pequeno quarto, sem banheiro e sem janelas, onde dividia o espaço com um guarda-roupa que, além de servir para acondicionar o pouco vestuário da vítima, era utilizado como despensa para panos de chão, baldes e outros produtos destinados à manutenção da casa”, pontua um dos trechos da denúncia.

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A investigação ainda enfatiza que Madalena era vítima de violência doméstica, sendo tratada com desprezo pelos membros da família e até mesmo sofrendo agressões físicas e verbais. "A desumana jornada de trabalho, em condições degradantes a que submeteram Madalena Gordiano ao longo de 15 anos causaram à vítima danos físicos e mentais, tais como dores de coluna, com irradiação para as pernas, e lombalgia, além de transtornos de ansiedade, tristeza, depressão e dificuldades para dormir", disse o MPF.

O advogado da família, Brian Epstein Campos, informou em nota que os denunciados estão cientes do ajuizamento da ação. “A defesa explicativa, séria e consistente será apresentada nos próximos dias. Tudo será esclarecido e cumprido o devido processo legal, tal qual se cumpriu na Ação Civil Pública que tramitou perante a Justiça do Trabalho”, disse.

*Estagiária sob supervisão de Bruno Menezes

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