Vacinação teria ocorrido na garagem de empresa de ônibus em Belo Horizonte
Reprodução/Google MapsA Polícia Federal e o MPF (Ministério Público Federal) abriram procedimentos para investigar a vacinação de empresários de Minas Gerais fora do grupo prioritário para a covid-19. O fato foi revelado em uma reportagem publicada pela revista Piaui nesta quarta-feira (24). Um vídeo obtido pelo R7 mostra o grupo sendo vacinado na garagem de uma empresa que pertence ao Grupo Saritur, em Belo Horizonte.
A reportagem apurou que a PF abriu um inquérito para investigar o fato. Já o MPF anunciou a abertura, de ofício, de uma Notícia de Fato para iniciar as apurações sobre o ocorrido.
Se a investigação confirmar as denúncias, de acordo com o Ministério Pùblico Federal, os responsáveis podem responder por diversos crimes.
Se a aquisição das doses de vacinas da Pfizer foi anterior à da aprovação do imunizante pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), os responsáveis podem responder pelo crime de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto medicinal ou terapêutico sem registro.
Se a compra foi feita após a autorização, eles podem ser enquadrados pelo crime de descaminho. Além disso, "todos os que foram vacinados podem responder pelo crime de receptação".
O registro definitivo da vacina da Pfizer contra a covid-19 foi concedido pela Anvisa no dia 23 de fevereiro e o governo federal afirmou que comprou 100 milhões de doses do imunizante no dia 19 de março. A vacinação dos empresários foi flagrada, em vídeo, na última terça-feira (23).
Relembre o caso
A revista Piauí revelou em uma reportagem publicada nesta quarta-feira (24) que empresários e políticos que não estão nos grupos prioritários teriam recebido uma dose da vacina da Pfizer contra a covid-19, na última terça-feira (23), em Belo Horizonte.
O grupo ligado ao setor de transporte teria comprado os imunizantes da farmacêutica, por conta própria. O laboratório nega a venda e diz que todas as tratativas são feitas por meio do PNI (Plano Nacional de Imunização), com o governo federal.
De acordo a revista, cerca de 50 pessoas receberam a primeira dose do imunizante na garagem da empresa de ônibus Saritur. As duas aplicações teriam custado R$ 600 por pessoa. Entre os vacinados, estaria o ex-senador Clésio Andrade, que também já foi presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte), além de empresários do setor.
Andrade negou a informação para o R7, dizendo que se encontrava em quarentena no Sul de Minas. Ainda de acordo com a publicação, os organizadores da vacinação às escondidas seriam os irmãos Rômulo e Robson Lessa, que seriam sócios da Saritur.
Vídeo
Nesta quinta-feira (25), o R7 revelou que uma profissional de saúde conseguiu gravar, da janela de uma casa, a vacinação ocorrendo na garagem de uma empresa ligada ao Grupo Saritur. As imagens mostram uma mulher de jaleco branco, aplicando as doses nos braços das pessoas que foram até o local.
De acordo com a mulher, a gravação foi feita por volta das 21h desta terça-feira (23) e a Polícia Militar registrou um boletim de ocorrência.
A reportagem espera posicionamento da empresa sobre a revelação.
Confira o vídeo: